A Polícia Civil aguarda os laudos do IML (Instituto Médico Legal) e do IC (Instituto de Criminalística) para prosseguir com as apurações do caso do morador de Taciba, 39 anos, que faleceu nesta quarta-feira, no HR (Hospital Regional Doutor Domingos Leonardo Cerávolo), onde estava internado desde o dia 22 de dezembro, quando foi alvejado na cabeça por um tiro disparado pela Polícia Militar. Atualmente responsável pelo caso, o delegado Rafael Galvão explica que um inquérito policial foi instaurado no dia 27 de dezembro para apurar a conduta de todos os envolvidos no fato. “Estamos em uma fase de investigação técnica, que analisa de qual arma partiu o tiro que foi fatal. A princípio, os PMs teriam agido em legítima defesa, mas isso ainda é apurado. Todas as versões e hipóteses serão consideradas”, comenta. Sobre o ocorrido, a Polícia Militar, por meio do Centro de Comunicação Social na capital paulista, afirma que todas as circunstâncias relativas aos fatos são apuradas pelo devido IPM (Inquérito Policial Militar), o qual segue em andamento.
Como noticiado neste diário, no dia 22 de dezembro, o morador de Taciba teria avançado com um trator contra outros munícipes, bem como policiais militares que tentavam contê-lo, no Jardim Alto Alegre. Um disparo de arma de choque taser foi feito na tentativa de controlar o suspeito, mas não surtiu efeito. Foi então que dois dos oficiais que atuaram na ocorrência efetuaram disparos de arma de fogo. Por parte da Polícia Civil, a previsão, segundo o delegado, é que o inquérito policial seja concluído nos próximos 30 dias.
“Foram ouvidos os policiais militares e agora quatro testemunhas também foram arroladas. Neste momento [manhã desta quinta-feira], o corpo está no IML para exame necroscópico. Nós estávamos aguardando para ver se a vítima sobreviveria, para assim poder ser ouvida sobre os fatos, o que se tornou possível, já que, infelizmente, ela veio a falecer”, esclarece Galvão.
Na noite desta quarta-feira, um relatório médico foi apresentado na Delegacia Seccional de Prudente, o qual informava que o tacibense, após dar entrada no HR, permaneceu internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e foi submetido a uma cirurgia. Apesar do tratamento, ele faleceu por volta das 17h20 depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória.
Polícia Militar
Na tarde desta quinta-feira, o Centro de Comunicação Social da PM na capital paulista se manifestou sobre o ocorrido. “A Polícia Militar do Estado de São Paulo informa que no dia 22 de dezembro, por meio do telefone de emergência 190, foi acionada para atender uma ocorrência de agressão e briga generalizada que estava em andamento no município de Taciba. No local indicado, a equipe deparou-se com o agressor que, na condução de um trator, estava tentando atropelar as demais pessoas presentes. Os policiais tentaram diálogo com o autor, porém não obtiveram êxito”, relata.
“Agressivo e irredutível em relação às suas ações, foi necessária a adoção de medidas para contê-lo e demais medidas até então cabíveis ao caso pelos atos ilegais adotados por ele até aquele momento. Para tal foi utilizado um meio com menor potencial letal, a AINM (Arma de Incapacitação Neuromuscular), popularmente conhecida como arma de choque, sendo realizados dois disparos em sua direção, momento no qual o agressor direcionou o trator contra a equipe policial, obrigando-a a empregar outro meio, mais contundente, a arma de fogo, a fim de cessar agressão”, complementa a corporação, que apura o caso em inquérito próprio.
O registro
Na data dos fatos, conforme Boletim de Ocorrência, o morador de Taciba conduzia um trator de forma perigosa pelas vias da cidade, colocando a vida de munícipes em risco. Em tentativa de abordagem, policiais militares pediram que o indivíduo parasse o veículo por diversas vezes, o que não foi atendido pelo autor. Disparo com a arma de choque taser foi feito, mas não inibiu o acusado, que ainda desprezou outros dois tiros de arma de fogo feitos na sequência pelos oficiais. Sendo assim, em função da ameaça representada pelo homem aos demais moradores, outros três disparos de arma de fogo foram efetuados pelos PMs, sendo que um deles atingiu o suspeito.
A princípio, a equipe da PM teria sido acionada para atender um caso de agressão e se deparou com o motorista do trator “muito alterado”. Os oficiais receberam informações de testemunhas de “que ele havia praticado direção perigosa com o veículo”, inclusive chegando a derrubar o portão de uma residência. “O condutor deixou o local dirigindo o trator, não obedecendo aos policiais e foi solicitado apoio para abordagem. Ao avistar a aproximação dos policiais, passou acelerar e apesar dos reiterados pedidos para que ele desligasse e descesse do veículo, não obedeceu, e continuou acelerando o trator”, cita o registro. “O PM efetuou disparo com a arma de choque taser, mas não surtiu nenhum efeito. Então, o acusado fez uma manobra e veio em direção aos policiais e, para cessar a ação, o PM efetuou dois disparos com sua arma, os quais também não surtiram nenhum efeito, pois o tratorista continuou com seu intento, sendo necessário mais três disparos”, aponta o registro.
O BO ainda revela que, após os disparos, o homem “foi perdendo os sentidos e o trator acabou se chocando contra um poste de energia, onde parou”. “O acusado foi socorrido até o HR, onde passou por tomografia e permaneceu internado. Segundo informações, ele foi atingido apenas por um disparo, que o acertou na cabeça”, ressalta o documento, que expõe também que nas roupas do acusado foi encontrada uma porção de substância entorpecente, que depois foi identificada como cocaína.