PIB per capita da região triplica em 12 anos

Pesquisa, que corresponde ao período de 2002 a 2014, também apresenta a distribuição do valor adicionado, por setor de atividade

REGIÃO - ANNE ABE

Data 10/08/2017
Horário 12:30

A Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) divulgou um balanço realizado a respeito do PIB (Produto Interno Bruto) dos municípios do Estado de São Paulo, durante o período de 2002 a 2014, último ano com dados consolidados. Na pesquisa é apontado que na 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo, o valor do PIB per capita mais que triplicou, passando de R$ 7.721,61 em 2002 para R$ 24.969,35 em 2014, quando gerou um total de R$ 21.121.998,88.

O economista Eder Canziani explica que o PIB representa tudo o que gera retorno econômico ao país, a partir da soma da produção nos setores primário (agricultura, pecuária e pesca), secundário (industrialização) e terciário (prestação de serviço). Isso significa que se houver expansão na renda, a população irá produzir mais e, com isso, mais receita será gerada, que poderá ser investida na sociedade, pois se trata de uma “cadeia produtiva”. Atualmente, o profissional acrescenta que o país passa por uma regressão da renda, que afeta a produção do PIB e acaba gerando pobreza. “O PIB é o termômetro da economia, se estiver crescendo significa que está entrando mais dinheiro”, pontua.

Com população estimada em 18.124 habitantes, Rosana é um dos municípios que apresentaram os maiores valores per capita em 2014, com R$ 64.579,76, tendo o total de R$ 1.230.761,01, conforme consta na pesquisa. Segundo o secretário municipal de Administração, Gilson Ramires dos Santos, isso é um reflexo do índice de participação da cidade, que é considerado alto para a quantidade de habitantes, no qual se leva em conta o valor adicionado, em que mais de 90% corresponde à venda de energia elétrica advinda da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta.   

O secretário considera o valor relevante para o desenvolvimento da cidade e acrescenta que seria ainda maior, se não possuísse um valor de R$ 34 milhões em precatórias, referentes a ações trabalhistas, parcelamento de INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e dívidas com fornecedores. Esta quantia representa 10,54% da receita líquida de Rosana e terá fim em 2020. “As melhorias poderiam ser maiores, se não fossem as precatórias. Em 2014 pagávamos R$ 330 mil por mês, hoje esse valor dobrou e foi para R$ 667 mil, ou seja, deixamos de ter essa verba”, declara.

Já com o total do PIB de R$ 28.652,08, Santo Expedito se encontra entre os municípios com os menores valores per capita em 2014, que era de R$ 9.972,88. Porém, o contador do município, José Aparecido de Souza, informa que essa quantia diminuiu para cerca de R$ 2.857,14 por habitante, pois, em 2014, a população era inferior e, atualmente, “ela cresceu e os recursos não”. Tendo isso em vista, ele ressalta que é um valor pequeno para a cidade, que é considerada de interesse turístico, sendo prejudicial para alguns setores do munícipio, como a saúde e a educação. “A Prefeitura tem que arcar com as despesas sozinha e isso cria certa desigualdade social, porque o atendimento fica precário com poucos recursos”, expõe.

 

“A Prefeitura tem que arcar com as despesas sozinha e isso cria certa desigualdade social, porque o atendimento fica precário com poucos recursos”

José Aparecido de Souza,

contador da Prefeitura de Santo Expedito

 

Valor Adicionado

No geral, o levantamento apresenta que na distribuição do Valor Adicionado, por setor de atividade econômica, houve uma queda na participação da agropecuária na série do PIB no Estado de São Paulo, em que decresceu de 3,3% para 1,8%, durante o período determinado; a diminuição também está presente no setor da indústria, em que os valores foram de 27,4% para 22%; por outro lado, teve aumento nos serviços, que passou seu peso de 69,3% para 76,2%. Esta realidade não se difere da região de Prudente, onde a agropecuária caiu de 10,9% para 8,4%; a indústria também diminuiu de 25,1% para 20,9%; e os serviços cresceram de 64% para 70,7%.

De acordo com o gerente do escritório regional do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), em Prudente, José Carlos Cavalcante, o aumento no setor de serviços se deu por diversos fatores, como, por exemplo, o aumento da terceirização de atividades em algumas empresas de médio e grande portes, o que, automaticamente, leva ao surgimento de novas funções e empregos. Acrescenta que a maioria dos atuantes no setor de serviços são MEIs (microempreendedores individuais), pois a primeira opção no mercado para eles é de montar seu próprio empreendimento, onde poderá executar uma atividade que possui afinidade e conhecimento.

As áreas que compõem o setor são variadas, podendo ser atreladas à construção civil, estética e beleza, manutenção, consertos e reparos, entre outros. Outro ponto destacado por Cavalcante é que, hoje, há a possibilidade de executar seu trabalho da própria casa, na categoria de home office, sendo uma boa opção, pois o capital investido é menor. “Muita coisa mudou, o setor de serviço é o que tem mais probabilidade de crescer devido à variedade de opções, multiplicidade de serviços e possibilidade de gerar mais renda”, declara.

A diferença da atual realidade com o período de 2002 a 2014 também é notada pelo vice-diretor regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Itamar Alves de Oliveira Júnior, que apontou serem “tempos incomparáveis”, pois, até meados de 2014, o setor da indústria ainda corria relativamente bem. Depois, a taxa de desemprego começou a crescer e afetar a produção. “O índice de desemprego foi de 5% para 14%, é uma situação delicada. Estamos todos na expectativa que o país comece a melhorar”, ressalta.

A reportagem tentou entrar em contato com o EDR (Escritório de Desenvolvimento Rural) de Prudente, para saber a situação atual do setor agropecuário, mas até o fechamento desta edição, não obteve resposta.

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