Há pouco discutia-se no país o contingenciamento nas verbas de educação e pesquisa. A consequência da medida foi desastrosa, deixando pesquisadores desamparados e o conhecimento, com suas nuances de dúvida e comprovação, paralisado no tempo e no espaço. E adúvida é simples: por que não acreditamos na pesquisa? Por que, diante de tanto para se “contingenciar”, escolhemos atingir o conhecimento?
O descaso com a pesquisa não é novidade, pois o Brasil historicamente andou na contramão do investimento em ciência. Perdemos grandes nomes da pesquisa para programas internacionais, ignoramos e desconhecemos as descobertas dos nossos cientistas, temos a síndrome de vira-lata, não acreditamos no potencial brasileiro e, por isso, a ausência de investimento assombra apenas àqueles que vivem da descoberta e acreditam que a pesquisa pode, em muitos aspectos, transformar a realidade e também salvar vidas.
O sucateamento da pesquisa atrasou e atrasa a evolução do conhecimento. E é aqui, neste ponto, que considero a pandemia e o isolamento forçado que vivemos algo com elementos positivos.
Grupos de pesquisas debruçam-se sobre dados, entrevistas, notícias, tudo com a ânsia de tentar prever o amanhã
Os heróis mudaram de capa e de máscara, a busca por conhecimento sobre o vírus e a cura lançou o planeta às pesquisas, fazendo com que a descoberta novamente represente a esperança e a crença em dias melhores.
É sabido que o mundo jamais será o mesmo depois da pandemia. As relações pessoais, profissionais e a comunicação se transformam sob nosso olhar.
Grupos de pesquisas debruçam-se sobre dados, entrevistas, notícias, tudo com a ânsia de tentar prever o amanhã. Nunca se produziu livros e eventos em plataformas virtuais com tanta velocidade, nem se pesquisou tanto longe de bibliotecas físicas, nunca a ciência e o conhecimento foram tão acessíveis a todos. Disso tudo surgem pesquisas despretensiosas e importantes.
Neste universo novo de aprendizado são interlocutores na busca, os professores e as instituições de ensino, que se redesenham e avançam no sentido de reaprender e ensinar. A roda do conhecimento gira veloz, alimentada pelo medo do novo e pela sede do saber, tendo como heróis aqueles que antes tinham como arma de trabalho apenas a lousa e o giz.