A edição deste ano da pesquisa "Agenda", realizada pela Deloitte, apresenta a perspectiva para 2021 de 663 empresas quanto à recuperação e à sustentação de seus negócios no contexto pós-crise da Covid-19. Este grupo somou R$ 1,2 trilhão de receitas líquidas em 2020, equivalente a 15% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Os dados referentes às empresas participantes do interior de São Paulo mostram que estas estão “olhando conscientes para o futuro”, segundo a Deloitte. Das 91 empresas respondentes ao questionário, sediadas no interior paulista, 51% entendem que a economia, mesmo que de forma mais lenta, voltará a crescer em 2021 e ficará igual ao nível pré-crise da Covid-19. Nesse mesmo ponto, 14% acreditam que será superior ao nível de antes da pandemia, enquanto 32% assinalaram que a economia deve ficar um pouco abaixo desse patamar. Para apenas 3% haverá queda em relação ao fechamento de 2020. A mostra das empresas do interior de São Paulo contou com empresas de 36 segmentos; em 79% dessas empresas, o faturamento é de até R$ 500 milhões.
Dentre os investimentos para esse novo ambiente favorável, o que se destacou é que o quadro de funcionários deverá aumentar em 43% para as empresas do interior paulista, repondo vagas perdidas na crise. Já 25% pretendem manter o quadro de funcionários sem substituições; 26% devem manter os colaboradores com substituições por profissionais mais qualificados; 6% pretendem diminuir o quadro de funcionários. Durante o ano de 2020, as empresas do interior de São Paulo investiram na área de tecnologia e a pesquisa mostra que isso seguirá firme em 2021, principalmente em infraestrutura e ferramenta de sistemas de gestão de dados e segurança.
Devido ao isolamento imposto pela pandemia, surgiram novas necessidades para as empresas, no qual o digital se tornou o ponto principal para elas, seja por meio de canais de venda online e/ou modelos de trabalho remoto para promoverem a continuidade de seus negócios. Em 2020, desde o início da crise, 49% dos empresários do interior de SP disseram que realizaram vendas online e dessas, 30% informaram que tiveram um aumento nas vendas. Devido a esse cenário, houve um aumento de 25% nos investimentos em canais online. Em relação ao teletrabalho, o interior paulista teve um número expressivo de mudança: 80% das empresas migraram um terço de seus funcionários para o trabalho remoto.
Houve um aumento no investimento em tecnologia em 2020 para as empresas do interior paulista, mas para 2021 a pesquisa mostra que será ainda maior. Os aumentos serão nas seguintes áreas: 64% em soluções (sistemas, ferramentas, e softwares de gestão); 60% em gestão de dados (big data, analytics e inteligência artificial); 59% em infraestrutura (cloud, equipamentos, rede e telecom e serviços de TI); 44% em ferramentas de customer marketing e 43% em canais digitais de atendimento ao consumidor.
A Agenda 2021 mostrou que ampliar ou criar treinamento e formação de funcionários é fundamental para uma grande parte das empresas do interior de São Paulo - 82% devem investir nisso em 2021. 80% das organizações pretendem lançar produtos ou serviços. Já 56% vão ampliar ou criar ações de Pesquisa & Desenvolvimento. 36% têm a intenção de ampliar ou criar parcerias com statups. Existe um apetite “moderado” dessas empresas, segundo a Deloitte, em investir em produção. Mais da metade pretende substituir ou adquirir novas máquinas e equipamentos e 36% planejam abrir novos pontos de vendas ou ampliar os antigos.
A governança ambiental, social e corporativa (ESG) ganhará um espaço maior em 2021. As empresas do interior de São Paulo se mostram mais dispostas para essa adoção frente à mostra total da pesquisa. 20% não têm políticas de inclusão atualmente, mas 14% pretendem adotá-las em 2021. Do total de entrevistados do interior paulista, 34% não têm indicadores de gerenciamento de impacto ambiental; destas, 21% pretendem fazê-lo neste ano. Para 2021, 19% devem realizar relatórios de sustentabilidade (41% ainda não o fazem), e 24% dizem que vão adotar indicadores de sustentabilidade para as decisões estratégicas da liderança.
Diante do que foi vivenciado em 2020, as demandas prioritárias que os empresários esperam do governo para o desenvolvimento dos negócios em 2021 são: em relação à atividade econômica, 87% das empresas esperam estímulo à para a geração de empregos; para o empreendedorismo, 74% querem mais apoio às micro e pequenas empresas; para avançar no social, 85% gostariam de mais investimento em educação; em relação à área de leis e regulamentações, 99% esperam a reforma tributária.
"A pesquisa deixa claro que a crise causada pela pandemia da Covid-19 levou as empresas a mudarem estratégias e aumentarem seus investimentos em algumas áreas dos negócios. Empresas do interior de São Paulo estarão focadas em expandir o uso de tecnologia e melhorar a eficiência. O aumento no quadro de funcionários também é um ponto importante e que confirma uma recuperação das atividades. É um cenário otimista, mas de forma consciente” - Paulo de Tarso, sócio da Deloitte.