Pesquisa aponta que prudentinos devem gastar R$ 4,2 bi este ano

O quesito alimentação aparece logo em seguida, com participação de R$ 651,9 milhões.

PRUDENTE - Iury Greghi

Data 04/08/2013
Horário 11:07
 

Os 211.791 habitantes de Presidente Prudente gastarão, em 2013, a cifra de R$ 4,2 bilhões para a aquisição de bens e serviços, o que coloca a maior cidade da região na 32ª posição estadual e 99ª nacional no ranking de consumo. Os gastos per capita dos moradores da zona urbana representam R$ 20.198 por ano, enquanto os habitantes de áreas rurais gastam uma média de R$ 11.192 ao ano.

O relatório anual do IPCMaps é realizado pela empresa IPCMarketing e propõe uma geografia atualizada do potencial de compra dos 5.565 municípios brasileiros. A manutenção do lar, que engloba aluguéis, impostos prediais, contas de energia elétrica, água, gás, internet, etc., representam a maior fatia dos gastos das famílias prudentinas: R$ 1,1 bilhão, o equivalente a 26,1% da cifra total.

O quesito alimentação aparece logo em seguida, com participação de R$ 651,9 milhões. As camadas superiores da população (A e B) investirão mais para comer fora de casa (R$ 50 milhões) do que dentro dela (R$ 47,2 milhões), enquanto a população das classes C, D e E ainda privilegiam a alimentação em domicílio (R$ 165, 3 milhões contra R$ 77.8 milhões).

 

Fumo


Os gastos de moradores prudentinos com o cigarro chegarão a R$ 24,7 milhões este ano. Por outro lado, investimentos em livros e materiais escolares irão representar R$ 17,9 milhões,  a menor cifra entre as 21 categorias especificadas no estudo.

Famílias das classes sociais C, D e E são as que apresentam a maior disparidade entre o dinheiro investido nas duas categorias. No primeiro grupo, serão aplicados R$ 10,2 milhões com o fumo, número quase três vezes maior do que o total investido com livros e materiais escolares: R$ 3,8 milhões. Já a classe D gastará R$ 1,5 milhão para manter o vício e R$ 348.397 com os artigos didáticos e literários. A última camada, por sua vez, investirá R$ 22.711 em cigarros e R$ 5 mil em livros.

Para a presidente do Conselho Municipal Antidrogas e coordenadora do Centro de Assistência Toxicológica, Rita de Cássia Bonfim Leitão Higa, uma das chaves para reduzir o número de dependentes do tabaco é justamente mostrar o quanto este vício pesa no bolso. "Existem programas na internet que calculam o que o fumante deixa de adquirir para sustentar o vício. É preciso aumentar a divulgação dessas informações", defende.

A preocupação deve ser ainda maior em relação às camadas populares, explica Higa. "Hoje a mídia se dedica a oferecer conteúdo destinado principalmente às classes C, D e E. Por que não aproveitar esse espaço para veicular ações de prevenção ao fumo para essa faixa da população?", questiona.

 

Cultura

De acordo com o diretor da IPCMarketing, Marcos Pazzini, os relatórios anuais do IPCMaps comprovam que a população brasileira ainda investe pouco em artigos culturais e de educação, sobretudo nas faixas mais populares, onde os gastos domésticos ocupam parte considerável do orçamento. "Em Prudente, o pagamento do aluguel tem um peso muito grande", diz.

Os valores tímidos aplicados com o segmento afetam diretamente o meio cultural, expõe o poeta e presidente da Associação Prudentina de Escritores, Carlos Francisco Freixo. Segundo ele, ainda falta consciência aos consumidores de que adquirir livros, revistas e CDs ajuda a fomentar a produção desses artigos. "Infelizmente, muitos ainda não estão dispostos a investir em cultura. Existe um falso entendimento de que a cultura deve chegar até nós de forma gratuita, principalmente pela TV e mais recentemente pela internet. Poucos realmente estão dispostos a pagar por artigos culturais", comenta.

Em relação aos materiais escolares, Freixo lembra que a Secretaria de Estado da Educação tem disponibilizado gratuitamente kits didáticos aos alunos da rede, diminuindo as despesas com a categoria.

A coordenadora da biblioteca municipal de Prudente, Sônia Aparecida Costa Vilela, pondera que a baixa procura pela compra de livros não significa, necessariamente, que a população está afastada dos artigos literários. "Hoje as pessoas vão em busca de livros na internet. Existe uma variedade imensa de obras disponíveis na rede, algumas em formato digital", comenta. "A população não deixou de ler, apenas migrou para outras plataformas", resume.

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