Peruíbe (Caminhando...)

Persio Isaac

CRÔNICA - Persio Isaac

Data 13/02/2022
Horário 05:06

Manhã de sol em Peruíbe. Saímos eu e o Dinal para comprar mais duas cadeiras de praia, depois de tomar um café da manhã cinco estrelas preparado pela primeira-dama Anagela, a Mulher Maravilha do Dinal. Chegamos na loja, onde ele está acostumado a comprar, e logo se assusta com o preço da cadeira: Que isso? Estava R$ 90 na semana passada e agora está R$ 120? A pandemia continua levando a culpa e a ganância sorri. 
E lá vai “nóis” procurar em outras lojas. Valeu a pena, pois encontramos  um preço bem melhor realizando a compra de duas cadeiras por um preço mais justo. Colocamos as cadeiras no porta-malas do carro e fomos para o condomínio. Chegando lá, resolvi cantar a música “Carolina” de Chico Buarque, para a filha da Anagela, que tem o mesmo nome da música e ela sorriu. A outra filha, a Laura, toca flauta e é super fã do seu pai. Todos no carro e vamos a la playa oh,oh,oh,oh,oh. 
Um lugar privativo na praia para os moradores do condomínio, time grande é outro patamar.  Um pessoal muito simpático e sou apresentado pelo Dinal como seu amigo irmão. Ele distribui a cerveja Budy Light em embalagens de alumínio importada por um amigo que o presenteou. Todos ficam agradecidos e curtindo a embalagem que é toda em azul. 
Dinal sempre foi um cara generoso e de bom coração. Como fazia muitos anos que não via o mar, resolvi dar uma caminhada sozinho. O sol do meio-dia queimava a saudade da Mulher Maravilha e lá fui eu sentindo a brisa do mar. Nessa caminhada vou reparando no cotidiano praiano. Vejo uma pessoa fantasiada de Homem Aranha vendendo algodão doce, dois jovens enamorados de mãos dadas sorrindo, um pai andando pela praia com seu filho adormecido no seu ombro, jovens correndo dando risadas sendo perseguidos por outro jovem com lama nas mãos, crianças brincando e fazendo castelos de areia, as pipas  bailando pelo ar, a bola de futebol deslizando na areia sendo chutada de um lado para o outro. Vejo um pássaro pegando um pequeno peixe trazido pelas ondas até a praia, ele voa com o peixe ainda vivo e vai alimentar seus filhotes. A morte premiando a vida. 
Vou caminhando cantando um samba de Paulinho da Viola que diz que as coisas estão no mundo só que preciso aprender. Penso no meu pai que antes de sair desse mundo pediu para ver o mar como seu último desejo.  Continuo minha caminhada e vejo a lendária pelada e paro para olhar. A bola vem em minha direção e dou um tapa nela com carinho e ouço o moleque dizer: O tio sabe. Com um sorriso no rosto vou  andando agradecido pela cura de um tumor na próstata. Paro para apreciar a beleza da imensidão do mar, somos um grão de areia nesse universo. Mergulho por entre as ondas e sinto o sabor do sal, fico boiando olhando o céu azul. 
Lembro da música “Mucuripe” de Belchior e Fagner: “As velas de Mucuripe/ vão sair para pescar/ vão levar as minhas mágoas/ pra águas fundas do mar... Saio do mar sentindo a benção da natureza. Caminhei como se fosse um pelegrino procurando o Santo Graal e quando cheguei no local de onde saí,  percebi que tinha algo me incomodando no meu pé esquerdo. Fui olhar e vi que estava com uma bolha grande e o Dinal me falou: Pô Mago, você está inteiro vermelho, nem percebi. Passei os dias na sombra, parecendo um vampiro, sem poder olhar para a luz do sol. 
Fui até o clube onde o pessoal joga tênis e truco. O Marquinhos é craque no tênis e ele reclama com o Walter que tenta fazer uma jogada de efeito mas não dá certo. O Coronel Camille é tranquilo e já jogou de meia esquerda na várzea paulistana. O amável turco Asrlan me convida para tomar um Arak na sua casa. Agradeci ao Sabino pelo excelente churrasco que ele fez na sua bela casa. O Marcelão e o Peppe são amigos irmãos. O Rafael, que é vereador e presidente da Câmara e torcedor do Santos, ficou p. da vida pela goleada que seu time sofreu do Palmeiras na final da Copinha. O Fernando, que é irmão do Rafael e corintiano doente, não se conformou e nem eu com essa vexatória derrota. Me despeço dessa cidade acolhedora agradecendo a todos esses amigos: Carioca, Martinho, Jorge, Carlão, Biba, Zé Rizzi, Basílio, Wilson,  Pedrinho, Renato, Vilson, Rogério, Toninho, Zanatta e Valentin. ABS e até breve.

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