Pela abolição da pena de morte

OPINIÃO - Sandro Rogério dos Santos

Data 04/09/2022
Horário 05:10

Cada mês, o Papa confia à sua Rede Mundial de Oração (Apostolado da Oração) uma intenção de oração, intercalando-se entre intenção universal –temáticas gerais, não só aos católicos– e intenção pela evangelização –centrada na vida da Igreja e na sua missão evangelizadora. Assumindo essas propostas de oração, somos chamados a viver a coerência entre a oração e a vida. Rezar é fundamental, mas deve transformar-nos, levando-nos a agir de acordo com a nossa oração. Rezar por essas intenções abre o nosso olhar e o nosso coração aos problemas do mundo, tornando nossas as alegrias e as esperanças, as dores e os sofrimentos de todos os nossos irmãos e irmãs.

Para setembro o Papa propõe o tema da abolição da pena de morte em todos os países. O Magistério da Igreja é explícito: a pena de morte atenta gravemente contra a inviolabilidade e a dignidade da vida humana, uma vez que ninguém tem o poder de acabar com a vida de outro ser humano. Na encíclica ‘Fratelli tutti’, Francisco circunscreve o tema da abolição da pena de morte no quadro mais geral do medo advindo da ameaça de morte por parte do inimigo. Essa opção por gerar medo e tensão está presente, por exemplo, na recente crise da guerra na Ucrânia. Lemos no número 262: “Devemos perguntar-nos também quanto seja sustentável um equilíbrio baseado no medo, quando de fato ele tende a aumentar o temor e a ameaçar as relações de confiança entre os povos. Nesse contexto, o objetivo final da eliminação total das armas nucleares torna-se um desafio, mas também um imperativo moral e humanitário”.

Se isso acontece nas relações internacionais, cuja resposta à crise não pode ser a ameaça da morte, assim também a resposta ao mal causado por indivíduos não pode ser causar a sua morte, como um efeito dissuasor e para que não volte a fazer o mesmo. E muito menos para não cair num desejo de vingança cega. Como diz Francisco, na mesma Encíclica: “Os medos e os rancores levam facilmente a entender as penas de maneira vingativa, se não cruel, em vez de as considerar como parte dum processo de cura e reinserção na sociedade” (FT, 266).

Rezemos ao Senhor que toque o coração dos legisladores, para que a reparação pelo mal cometido coloque sempre no centro a pessoa que fez o mal e lhe dê a oportunidade de se reabilitar num caminho de arrependimento e conversão; também rezemos para que a Igreja, fiel ao evangelho e corajosa no anúncio, seja um lugar de solidariedade, fraternidade e acolhimento, vivendo cada vez mais a sinodalidade.

Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!

 

 

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