Peça de museu

OPINIÃO - Raul Borges Guimarães

Data 23/03/2025
Horário 05:00

Acabei de chegar de uma visita no Museu do Amanhã, Rio de Janeiro. Em vez de expor objetos do passado, o museu propõe uma experiência imersiva e interativa que convida os visitantes a pensar sobre sustentabilidade, convivência, mudanças climáticas, avanços tecnológicos, transformações sociais e outros temas contemporâneos. Essas preocupações guiam a narrativa das exposições e dos ambientes, que buscam estimular o pensamento crítico, a curiosidade e o engajamento para a construção de futuros possíveis, sustentáveis e inclusivos. 
Além disso, o prédio do Museu do Amanhã, projetado pelo arquiteto espanhol, Santiago Calatrava, tem como referência formas orgânicas, como o esqueleto de um peixe, a forma de uma flor e o movimento das asas de uma ave. Localizado no Pier Mauá, o museu avança sobre a Baía de Guanabara, como uma espécie de “ponte” para o futuro. A paisagem ao redor foi revitalizada e transformada em um bulevar urbano com jardins, espelhos d’água, ciclovias e áreas de convivência, integrando o museu ao espaço público da cidade. 
Foi uma visita inspiradora. Descobri que o Museu do Amanhã não é uma experiência isolada. Ele faz parte de uma nova geração de museus voltados para projetar cenários futuros com base em ciência, tecnologia e ética, atuando como uma espécie de plataforma global de reflexão sobre os caminhos da humanidade – sempre com forte base científica, compromisso social e estética inovadora. Bem, o nosso museu municipal passou por uma renovação muito recente que procura conectar nossa experiência museológica com essas novas tendências, não é mesmo? E a universidade, então? Ela também está preocupada em repensar o papel das coleções científicas e dos espaços museológicos no estímulo a trocas de ideias e experiências sobre como as inovações estão transformando nosso cotidiano. 
Outro dia me contaram uma situação curiosa. Uma criança chegou da casa do avô bastante intrigada com um objeto muito estranho que encontrou na estante de livros. Não demorou para o pai perguntar: “Por que você está tão pensativo, menino?” De pronto a criança respondeu: “O vovô tem um computador muito maluco. Enquanto a gente digita no teclado, o texto sai impresso ao mesmo tempo! Não bastasse isso....eu procurei por todos os lados, mas o computador dele não tinha nenhuma fiação elétrica? Não consigo entender como o computador nunca descarrega a bateria”. E o pai ficou muito surpreso quando compreendeu que aquela pequena criança estava diante, pela primeira vez, da antiga máquina de escrever do vovô. Peça de museu ou objeto para a imaginação do futuro?

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