Parque Estadual do Morro do Diabo comemora 80 anos de conservação

Local preserva maior área contínua remanescente da Mata Atlântica de Interior; unidade preparou calendário de atividades, que conta com inauguração da Rota das Capivaras

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 28/10/2021
Horário 14:38
Foto: Fabio Prado
Parque foi criado como reserva ambiental em 1941, quando os movimentos de conservação da área tiveram início
Parque foi criado como reserva ambiental em 1941, quando os movimentos de conservação da área tiveram início

Nesta sexta-feira, o Parque Estadual Morro do Diabo completa 80 anos de conservação. Localizado no Pontal do Paranapanema, no município de Teodoro Sampaio, o local preserva a maior área contínua remanescente da Mata Atlântica de Interior, que recobria a porção ocidental do Estado. Decretada reserva ambiental em 1941, a área possui mais de 33.845 hectares de extensão.

Para comemorar a data, a unidade preparou um calendário de atividades que vão até domingo, com vídeos, inauguração de rotas e entregas de mudas. As palestras podem ser acompanhadas pelo Instagram (instagram.com/parqueestadualdomorrododiabo) e Facebook (facebook.com/morrododiabo) do parque e a participação na cliclorrota é gratuita, não sendo necessário cadastramento prévio. O roteiro sairá de frente do Centro de Informações Turísticas de Teodoro Sampaio, no dia 30 de outubro, às 8 horas, e inaugura a Rota das Capivaras.

Já as visitações ao parque estão suspensas até dezembro por conta das obras de revitalização no local, sendo possível apenas ir à trilha do Morro do Diabo. Para visitação, é necessário agendamento via [email protected] e o valor do ingresso é R$ 16. O parque funciona de terça a domingo, a partir das 8 horas. Para mais informações, o WhatsApp é (18) 3282-1599.

O parque

Existem lendas que tentam explicar a razão de seu nome. Uma delas diz que índios revoltados com bandeirantes que teriam dizimado sua aldeia os mataram em uma emboscada e aqueles que fugiram da carnificina diziam que o diabo estava no morro.

A flora local apresenta algumas peculiaridades: uma mancha de cerrado imersa na floresta e a presença de populações de duas espécies de cactáceas: mandacaru e xique-xique, que dão à vegetação um aspecto de caatinga. A fauna conta com o raro mico-leão-preto, uma espécie endêmica da Mata Atlântica paulista, símbolo do parque e um dos primatas mais ameaçados do mundo. Mais duas espécies de primatas também ocorrem na área: o bugio e o macaco-prego.

Obras de revitalização

O Morro do Diabo será o quarto “parque-modelo” da Fundação Florestal e, para isso, está passando por uma revitalização geral de suas estruturas. A obra já tem 86% de execução, com conclusão prevista para dezembro de 2021.

Estão sendo recuperadas 100% das edificações, em sua maioria de madeira, por meio de um trabalho aperfeiçoado de recuperação e substituição de peças, atribuindo nova vida aos locais. Além da restauração de coberturas, elementos em madeira e revestimentos, estão sendo refeitos todos os sistemas de tratamento de esgoto de forma individualizada para cada edificação, a partir de biodigestores, em atendimento aos parâmetros exigidos pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). A obra também entregará um novo sistema de distribuição de energia, refazendo a entrada padrão da concessionária, posteamento e distribuição interna.

Também encontra-se em fase final de execução a revitalização da Trilha Suspensa do Barreiro da Anta, um atrativo de grande relevância para a unidade de conservação. As obras fomentarão o aumento da visitação pública, bem como o desenvolvimento de pesquisas que ocorrem no local.

Após o término das obras, a Fundação Florestal prevê a elaboração do projeto de permissão de uso das estruturas existentes para que sejam oferecidos serviços de qualidade ao público, como hospedagem, alimentação, venda de souvenirs e aluguel de equipamentos de ecoturismo, dentre outros.

A permissão de uso deverá atender a premissas básicas, como o estímulo à economia local, com a exigência de contratação de porcentagem mínima de mão-de-obra local, priorização na compra de produtos da região, valorização do bioma Mata Atlântica, valorização da imagem do parque e da Fundação Florestal, valorização da cultura local e regional e oferta de alimentação saudável, dentre outras. Com a revitalização das estruturas e com a garantia de que sejam oferecidos serviços de qualidade, a previsão é que haja aumento da visitação, com mais qualidade e conforto.

Monitoramento de mamíferos

O projeto-piloto tem como objetivo testar metodologias e procedimentos para o monitoramento de médios e grandes mamíferos para compor o Programa Estadual de Monitoramento da Biodiversidade da Fundação Florestal. Além do Morro do Diabo, fazem parte do projeto a EEc (Estação Ecológica) Juréia-Itatins e dois núcleos do Parque Estadual da Serra do Mar: Curucutu e Itariru.

Dentre os movimentos já realizados, está a capacitação teórica e prática de funcionários e colaboradores, que teve o objetivo de garantir autonomia à Fundação Florestal na execução do monitoramento em longo prazo. A capacitação teórica foi online e contou com a participação de 146 técnicos, gestores e pesquisadores do Sistema Ambiental Paulista. Já a prática foi realizada para 45 pessoas, incluindo as que estão ligadas diretamente às unidades de conservação do projeto-piloto (gestores e funcionários), técnicos e representantes de todas as diretorias regionais, a fim de se tornarem multiplicadores do conhecimento na fase de ampliação. Essa capacitação foi realizada na EEc Jureia-Itatins e em dois núcleos do Parque Estadual da Serra do Mar: Curucutu e Itariru.

Foi também desenvolvida a customização de um aplicativo que substitui as usuais cadernetas de campo e facilita a coleta de informações sobre as câmeras e dados como pegadas, rastros, fezes, tocas, presença de árvores frutíferas e frutos e barreiros, entre outros. Trata-se de inovação tecnológica importante que mantém interface com a plataforma geoespacializada da Fundação Florestal, permitindo assim que os envolvidos no projeto acessem as informações em tempo real de qualquer lugar.

Há previsão de disponibilizar o app para novos parceiros do projeto, como visitantes, monitores, vigias, vizinhos, entre outros, dentro do princípio da ciência-cidadã.

Para mais informações, basta acessar guiadeareasprotegidas.sp.gov.br/ap/parque-estadual-morro-do-diabo.

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