Nesta sexta-feira, o Parque Estadual Morro do Diabo completa 80 anos de conservação. Localizado no Pontal do Paranapanema, no município de Teodoro Sampaio, o local preserva a maior área contínua remanescente da Mata Atlântica de Interior, que recobria a porção ocidental do Estado. Decretada reserva ambiental em 1941, a área possui mais de 33.845 hectares de extensão.
Para comemorar a data, a unidade preparou um calendário de atividades que vão até domingo, com vídeos, inauguração de rotas e entregas de mudas. As palestras podem ser acompanhadas pelo Instagram (instagram.com/parqueestadualdomorrododiabo) e Facebook (facebook.com/morrododiabo) do parque e a participação na cliclorrota é gratuita, não sendo necessário cadastramento prévio. O roteiro sairá de frente do Centro de Informações Turísticas de Teodoro Sampaio, no dia 30 de outubro, às 8 horas, e inaugura a Rota das Capivaras.
Já as visitações ao parque estão suspensas até dezembro por conta das obras de revitalização no local, sendo possível apenas ir à trilha do Morro do Diabo. Para visitação, é necessário agendamento via [email protected] e o valor do ingresso é R$ 16. O parque funciona de terça a domingo, a partir das 8 horas. Para mais informações, o WhatsApp é (18) 3282-1599.
Existem lendas que tentam explicar a razão de seu nome. Uma delas diz que índios revoltados com bandeirantes que teriam dizimado sua aldeia os mataram em uma emboscada e aqueles que fugiram da carnificina diziam que o diabo estava no morro.
A flora local apresenta algumas peculiaridades: uma mancha de cerrado imersa na floresta e a presença de populações de duas espécies de cactáceas: mandacaru e xique-xique, que dão à vegetação um aspecto de caatinga. A fauna conta com o raro mico-leão-preto, uma espécie endêmica da Mata Atlântica paulista, símbolo do parque e um dos primatas mais ameaçados do mundo. Mais duas espécies de primatas também ocorrem na área: o bugio e o macaco-prego.
O Morro do Diabo será o quarto “parque-modelo” da Fundação Florestal e, para isso, está passando por uma revitalização geral de suas estruturas. A obra já tem 86% de execução, com conclusão prevista para dezembro de 2021.
Estão sendo recuperadas 100% das edificações, em sua maioria de madeira, por meio de um trabalho aperfeiçoado de recuperação e substituição de peças, atribuindo nova vida aos locais. Além da restauração de coberturas, elementos em madeira e revestimentos, estão sendo refeitos todos os sistemas de tratamento de esgoto de forma individualizada para cada edificação, a partir de biodigestores, em atendimento aos parâmetros exigidos pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). A obra também entregará um novo sistema de distribuição de energia, refazendo a entrada padrão da concessionária, posteamento e distribuição interna.
Também encontra-se em fase final de execução a revitalização da Trilha Suspensa do Barreiro da Anta, um atrativo de grande relevância para a unidade de conservação. As obras fomentarão o aumento da visitação pública, bem como o desenvolvimento de pesquisas que ocorrem no local.
Após o término das obras, a Fundação Florestal prevê a elaboração do projeto de permissão de uso das estruturas existentes para que sejam oferecidos serviços de qualidade ao público, como hospedagem, alimentação, venda de souvenirs e aluguel de equipamentos de ecoturismo, dentre outros.
A permissão de uso deverá atender a premissas básicas, como o estímulo à economia local, com a exigência de contratação de porcentagem mínima de mão-de-obra local, priorização na compra de produtos da região, valorização do bioma Mata Atlântica, valorização da imagem do parque e da Fundação Florestal, valorização da cultura local e regional e oferta de alimentação saudável, dentre outras. Com a revitalização das estruturas e com a garantia de que sejam oferecidos serviços de qualidade, a previsão é que haja aumento da visitação, com mais qualidade e conforto.
O projeto-piloto tem como objetivo testar metodologias e procedimentos para o monitoramento de médios e grandes mamíferos para compor o Programa Estadual de Monitoramento da Biodiversidade da Fundação Florestal. Além do Morro do Diabo, fazem parte do projeto a EEc (Estação Ecológica) Juréia-Itatins e dois núcleos do Parque Estadual da Serra do Mar: Curucutu e Itariru.
Dentre os movimentos já realizados, está a capacitação teórica e prática de funcionários e colaboradores, que teve o objetivo de garantir autonomia à Fundação Florestal na execução do monitoramento em longo prazo. A capacitação teórica foi online e contou com a participação de 146 técnicos, gestores e pesquisadores do Sistema Ambiental Paulista. Já a prática foi realizada para 45 pessoas, incluindo as que estão ligadas diretamente às unidades de conservação do projeto-piloto (gestores e funcionários), técnicos e representantes de todas as diretorias regionais, a fim de se tornarem multiplicadores do conhecimento na fase de ampliação. Essa capacitação foi realizada na EEc Jureia-Itatins e em dois núcleos do Parque Estadual da Serra do Mar: Curucutu e Itariru.
Foi também desenvolvida a customização de um aplicativo que substitui as usuais cadernetas de campo e facilita a coleta de informações sobre as câmeras e dados como pegadas, rastros, fezes, tocas, presença de árvores frutíferas e frutos e barreiros, entre outros. Trata-se de inovação tecnológica importante que mantém interface com a plataforma geoespacializada da Fundação Florestal, permitindo assim que os envolvidos no projeto acessem as informações em tempo real de qualquer lugar.
Há previsão de disponibilizar o app para novos parceiros do projeto, como visitantes, monitores, vigias, vizinhos, entre outros, dentro do princípio da ciência-cidadã.
Para mais informações, basta acessar guiadeareasprotegidas.sp.gov.br/ap/parque-estadual-morro-do-diabo.