Os conselhos de Segurança (Conseg) Sul e Centro, em parceria com a Secretaria de Assistência Social (SAS) de Presidente Prudente, iniciaram esta semana a campanha Não dê esmola, dê oportunidade. Segundo os parceiros, a ideia da campanha é conscientizar a população sobre a importância de não dar a contribuição, como forma de coibir a dependência química, de álcool e drogas, e impedir o crescimento do número de pedintes. O primeiro material desenvolvido foi um panfleto, que começou a ser distribuído ontem. O próximo trabalho será realizado amanhã, a partir das 18h, na feira livre da Avenida Manoel Goulart.

Pedintes abordam motoristas em semáforos de Prudente
Ainda de acordo com o conselho, nesse início, as ações serão concentradas apenas no centro expandido da cidade. A primeira, que foi o pré-lançamento do projeto, ocorreu na Terminal Rodoviário Comendador José Lemes Soares. Segundo o presidente do Conseg-Sul, Rodrigo Romão, a ideia da iniciativa é envolver toda a sociedade na campanha. "A população tem que ter consciência sobre o mal que o gesto de dar esmola pode provocar na vida dessas pessoas. Devido a esse tipo de contribuição, elas se sentem acomodadas e, por isso, não tomam nenhuma atitude para sair dessa situação de vulnerabilidade", explica.
Romão ainda complementa: "Diferentemente do que muita gente pensa, esse montante arrecadado não será revertido para a compra de alimentos e, sim, para adquirir drogas ilícitas e bebidas alcoólicas", alerta.
A diretora da Proteção Especial da SAS, Maria Helena Veiga Silvestre, explica que a população, quando se depara com algum cidadão que se encontra nessa situação de risco, deve procurar o Centro de Referência Especializado de Assistência Social à População de Rua (Creas/POP). No local, a vítima pode obter tratamento e benefícios para ajudá-la a sair dessa situação de risco. "A melhor atitude que os populares devem ter é procurar o centro de referência. Nesse local, o morador de rua pode encontrar a ajuda necessária para sair dessa posição", pontua. Ela acrescenta que outra forma de contribuir, ao invés de dar esmolas, pode ser a de destinar esse dinheiro para alguma instituição de caridade cadastradas na SAS. "Nesses estabelecimentos existem profissionais preparados para ajudá-los a resgatar a dignidade", esclarece.
Insegurança
Outra preocupação das autoridades é a sensação de insegurança causada pelos moradores de rua. "A população, por muitas vazes, se sente coagida pelos pedintes. Alguns deles, quando contrariados, recorrem à violência pra conseguir o que querem. Por isso, é que devemos deixar de incentivar a permanência deles a margem da sociedade", finaliza Silvestre.
A cuidadora Adriana de Oliveira, 41 anos, mora próximo a um local em que existem diversos andarilhos e, por isso, se diz amedrontada com a situação. Apesar disso, ela diz não contribuir com dinheiro, pois ela entende que isso estimula a acomodação dos moradores de rua. Ela argumenta ainda que muitos não usam o dinheiro para comprar alimentos, pois várias instituições cedem a alimentação gratuitamente. "Eles sabem que não precisam gastar esse dinheiro para comer e, por isso, usam o montante ganho com bebidas e drogas" afirma.
Essa opinião é compartilhada pelo aposentado Jurandir Sanches, 74 anos. Ele diz não confiar nos pedintes, pois a maioria deles não usa o dinheiro arrecadado para o fim anunciado. "Às vezes, até tenho dó, mas não dá para confiar, portanto, prefiro me negar a contribuir com eles", argumenta.