No mundo corporativo, costuma-se dizer que quando uma organização possui muitos recursos financeiros e humanos – difíceis de serem encontrados ao mesmo tempo - ótimos resultados virão, ou seja, que não tem(ria) erro. Será mesmo?
A observação nos mostra em vários momentos e situações que a questão não é tão objetiva assim, que não é uma pura matemática, existindo outros elementos, subjetivos, que podem interferir (e acabam interferindo) nos resultados.
Em uma organização empresarial (ou de outra natureza), dinheiro e talento só produzirão grandes resultados se, para operá-los, houver gestão, governança que, sobretudo, tome decisões acertadas, fundadas em “deliberação ética”, que “(...) é aquela que considera, em todo processo de tomada de decisão, tanto a identidade da organização quanto os impactos das decisões sobre o conjunto de suas partes interessadas (...)”.
No dia a dia de uma organização, esta “deliberação” se desenvolve, primeiro, antes, bem antes da tomada de qualquer decisão, significa muita ponderação e participação de vários “agentes de governança” envolvidos na situação, elementos que por si só já mostram que decisões (salvo em situações excepcionalmente emergenciais) não devem ser tomadas no afã de se resolver algo, sendo que durante a deliberação questionamentos devem ser levantados, p. ex., no seguinte sentido: “o que (empresa) somos?”, “qual a nossa identidade em relação ao público interno (colaboradores) e externo (consumidores, clientes, fornecedores, sociedade em geral)?”, “quais nossos valores?”, “o que queremos para o futuro a curto, médio e longo prazo?”, “se estamos bem, o que devemos fazer para assim continuarmos bem por vários anos?”.
Somente com um processo deste tipo para uma tomada de decisão é que dinheiro e talento produzirão grandes resultados.
E além da “deliberação ética” há outro fator que jamais pode ser desconsiderado para que uma organização alcance e, principalmente, mantenha o sucesso: o afastamento do risco do conforto. Conforto que consiste em o gestor achar que um caminho, um jeito que foi encontrado, que deu e tem dado certo, apenas deve ser mantido deixando as “coisas” fluírem (“não se mexe em time que está ganhando”).
A vida, e consequentemente a “vida empresarial”, muda a todo momento, e de repente. Imprevistos acontecem, bons profissionais, por humanos que são, mudam com o tempo, o dinheiro, farto em muito tempo, pode escassear, o comportamento do mundo exterior ao da empresa pode mudar, o cliente pode mudar, a concorrência pode melhorar, e, claro, o próprio gestor pode mudar, e se não errava, pode passar a errar. E pergunta surgirá: a organização estava atenta às mudanças, ao que vinha ocorrendo, ou estava inerte, por vezes, no conforto, se regozijando do sucesso até então alcançado?
Responde aí Landim!