O governo federal reajustou em 6,58% o salário para os aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que ganham acima de um salário mínimo. O índice foi publicado em portaria do Ministério da Fazenda na segunda-feira, no Diário Oficial da União, e a correção é pouco maior do que o concedido ao mínimo em 1º de janeiro, de 6,48% - o valor foi de R$ 880 para R$ 937.
Apesar do aumento acima da inflação em 2016, que fechou o ano em 6,29%, conforme o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor – Amplo), os beneficiários em Presidente Prudente reclamam da insuficiência dos reajustes para arcar com o custo de vida. Aposentado há mais de duas décadas, Darci Molinari, aos 87 anos, ainda trabalha como taxista. "Eu tenho filhos, netos e bisnetos que também preciso ajudar. Além disso, nosso custo de vida é alto, com remédio, mercadoria e as contas", relata.
Economista lembra do crescimento das despesas dos aposentados, principalmente com a saúde
José de Carvalho, 80 anos, também continuou trabalhando como taxista depois de se aposentar. Sobre o reajuste, ele reclama do crescimento concedido ter sido inferior ao do ano passado – que ficou em 11,28% para os benefícios acima de um salário mínimo, e de 11,68% para o mínimo. "O que a gente recebe não é suficiente para arcar com as despesas, por isso, enquanto eu conseguir, vou continuar trabalhando", declara.
Já para Darci de Oliveira, 71 anos, que vive exclusivamente de sua aposentadoria, o aumento no salário foi "muito aquém" do ideal para manter o custo de vida. "A minha sorte é que eu aposentei com um valor alto, se fosse com o mínimo eu não conseguiria ficar parado", afirma. A perda real do poder aquisitivo dos idosos é grande ao longo dos anos. Pedro Nicolucci, por exemplo, se aposentou recebendo três salários e hoje ganha o equivalente a um, aos seus 85 anos.
"Tenho que viver procurando promoção no mercado, os produtos mais baratos, e viver economizando, porque não tenho mais condições de trabalhar", afirma Pedro. Os principais gastos do idoso são relacionados à saúde: já teve despesas de mais de R$ 50 mil por problemas oculares e terá que fazer em breve um procedimento de R$ 2 mil. "Plano de saúde não tem como ter, pois só para contratar fica o valor inteiro da aposentadoria. O jeito é gastar do próprio bolso ou depender do SUS ", expõe.
Gestão financeira
A economista Edilene Takenaka ressalta que quando se fala em aposentado, as pessoas imaginam alguém com sua vida estabilizada, uma casa própria, filhos trabalhando e poucas despesas. "A realidade hoje, devido ao alto índice de desemprego, no entanto, é diferente. Muitos idosos precisam ajudar filhos e netos com seu orçamento", explica. Esse crescimento nas despesas do aposentado, além do natural aumento do custo de vida decorrente de tratamentos de saúde, faz com que essas pessoas precisem ter mais cuidado para manter o equilíbrio das finanças.
"Eles possuem uma renda mensal fixa que não será perdida, mas também não aumentará, a não ser no reajuste anual. É necessário, portanto, que ele tenha pleno conhecimento do quanto ganha para controlar os seus gastos", declara a economista. A orientação é de que não comprometam nunca mais do que 20% da renda mensal com crédito ou empréstimo e que a família oriente e acompanhe a gestão financeira do idoso.