Na sala de estar, dois filhos, um pai e, para roubar a cena, o celular. Quem não comete este pecado que atire a primeira pedra! Que tempos são esses na qual permanecemos em lugares sem realmente estarmos lá? Com o advento da tecnologia, melhoramos a comunicação externa e nos esquecemos de ampliá-la em nossos lares, presencialmente. À medida que deixamos a vida virtual invadir a rotina de nossa família, empurramos também as crianças para os smartphones, tablets, notebooks e outros dispositivos, fomentando a mesma prática.
E, nesta navegação sem bússola, tentamos arrumar desculpas a nós mesmos! Estamos sempre respondendo a última mensagem, o email do trabalho, atendendo a um chamado desconhecido e nos esquecendo dos nossos. As crianças estão clamando por atenção, enquanto direcionamos nossos olhos para as telas, sempre à procura de algo, enquanto o real fica à deriva.
Esquecer o celular em casa é como deixar o coração, o cérebro e tudo que estes dois órgãos são capazes de proporcionar ao ser humano. Temos a sensação de ausência, de solidão... Levamos ao cinema, ao teatro, à igreja, à mesa junto das refeições, aos encontros com os amigos, às reuniões de família, ao playground, aos parques... E, assim, um vibrar nos rouba a presença, muitas vezes, sem volta...
Será que realmente precisamos estar tão antenados? Recentemente integrei a comissão julgadora do XI Fórum Juvenil, organizado pelas Soroptimistas, em Presidente Prudente, em parceria com Coordenadoria Municipal da Juventude. O evento é destinado a jovens de 15 a 19 anos, que cursem segundo ou terceiro ano do ensino médio, e é realizado a cada 2 anos. Na oportunidade, representantes de diversas escolas discorreram sobre a temática “A influência da era digital na sociedade: vantagens e desvantagens”.
Entre os principais desafios apresentados pelos adolescentes estava a reaproximação de suas famílias por conta da invasão da tecnologia em seus lares. Muitos relatos de isolamento dos membros, diálogo apenas pelo aplicativo Whatsapp, falta de integração nos ambientes de uso comum, como cozinha e sala. São jovens protestando pela conversa aberta, a comunicação, sentindo-se sozinhos, mesmo em meio a uma casa recheada de pessoas. Falta vida!
Sem pedir licença, a tecnologia tem avançado e não há qualquer manual de instruções para boas práticas de quando, quanto e como usá-la. Com nenhuma ou pouca restrição no ambiente doméstico, tem furtado silenciosamente o olho no olho, a oralidade e implantado deficiências nos relacionamentos. Pais levam os filhos aos playgrounds, estão preocupados com a captação de imagens e se esquecem do prazer gerado pelo lazer. Estão em bate-papo online enquanto as crianças correm ou mesmo ficam ao seu lado também com um dispositivo móvel na mão. Já perceberam como nossos quintais e ruas andam vazios?
O cenário virtual é hipnótico, altamente sedutor. Precisamos nos posicionar diante de nós mesmos e de nossos pequenos para que o uso da tecnologia seja racional. Perante o cenário mundial, da clemência de uma geração impactada pela internet, não podemos virar as costas e permitir que os pequenos sintam as mesmas necessidades daqui alguns anos.
Precisamos é de correr, brincar, dançar, pular, cozinhar, orar... dialogar. Verbos tão praticados em um passado recente. Falar dos nossos sentimentos, dos nossos sonhos, dos nossos projetos como pais e família, do nosso amor... Não esperar datas comemorativas para postar a declaração em rede social. Abraçar mais, olhar na alma e alimentar o nosso e o próximo com verdades, realidades. Devemos deixar marcas, traços pelo caminho, provas reais da nossa existência, toque na pele e não em teclas. Que nesta trajetória para a disciplina, queiramos ensinar, mas também aprender. Nossa maior conexão é com a vida. Então, pai, sai do celular!
Dica de leitura
“DE METAMORFOSES E DE SONHOS”
Anna Claudia Ramos é a autora de “De metamorfoses e de sonhos”, lançamento da Editora do Brasil. A obra aborda as transformações e questionamentos que muitos jovens atravessam durante a adolescência. O período é normalmente marcado pela insegurança de meninos e meninas, em processo de transição de crianças para adolescentes e adultos. As mudanças são inúmeras e velozes, sejam elas em relação aos aspectos físicos, hormonais e corporais, quanto também no comportamento social. No enredo, o protagonista Igor, dedicado aos livros, ao cinema e à busca pelo conhecimento, é estimulado a mudanças por uma de suas obras preferidas, “Metamorfose”, de Franz Kafka.
FICHA TÉCNICA
Autora: Anna Claudia Ramos
Editora: do Brasil
Ilustração: Suryara Bernardi
Páginas: 128
Preço sugerido: R$ 50,90
Chegou o frio!
É só esfriar um pouco que os problemas respiratórios começam a aparecer, sobretudo nas crianças. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 1 em cada 7 pessoas sofre com doenças inflamatórias, alérgicas e respiratórias, que tendem a aumentar nesta época do ano. Mas o que muita gente não sabe é que gripe, rinite e outros problemas comuns – que aumentam com o frio – não são provocados por andar descalço no chão gelado ou pelo vento fresco e, sim, principalmente, por infecções virais. Leia mais em www.papaieduca.com.br.