Datas sazonais, como a Páscoa, são períodos que proporcionam facilidades para quem deseja garantir uma renda extra. Neste período, a produção artesanal de ovos de Páscoa ganha espaço e compete diretamente com os supermercados e chocolatarias. Os preços dos tradicionais produtos gourmet pesquisados pela reportagem neste ano variam de R$ 25 até R$ 129,90, atendendo a necessidade de todosos clientes. Na ocasião, os ganhos podem chegar até R$ 15 mil.
Soellyn Cristina Ribeiro da Silva, da Realeza Doces, atuava no segmento de bolos e doces personalizados, mas já havia anexado ovos da Páscoa em seu cardápio há três anos. No entanto, diante das medidas de contingência frente à pandemia do novo coronavírus, teve eventos cancelados e contratos rompidos. “Com os eventos cancelados, eu aproveitei a Páscoa para recuperar minha renda perdida”, explica.
Conhecidos como gourmet ou por produção artesanal, os ovos de chocolate têm ganhado cada vez mais atenção dos consumidores, principalmente pelo menor preço e pela variedade de complementos como cremes e guloseimas. No caso de Soellyn, ela conta que começou a divulgar a produção há duas semanas e já conta com 50 encomendas, inclusive, algumas para depois da Páscoa, pois neste ano a data sazonal caiu antes do pagamento.
O mercado de produção artesanal de ovos da Páscoa é também uma oportunidade para a criatividade e a inovação dos itens, principalmente na maneira de consumi-los. Neste ano, Soellyn apostou na confecção própria pelo cliente em casa. Isso mesmo! Ele escolhe os recheios e a casca do chocolate, e em casa ele mesmo pode montar o seu ovo gourmet. A categoria é também uma forma de juntar a criançada para confecção neste período de isolamento social e celebrar a Páscoa de maneira lúdica.
No caso de Isabela Tavares de Oliveira Neves, da Bela Brigadeiros, a pandemia afetou sua vida, assim como a da maioria das pessoas. Ela morava na Austrália e tinha um negócio próprio em uma área totalmente diferente do setor alimentício. Quando voltou para o Brasil, em meados de junho do ano passado, pensou na possibilidade de trabalhar em casa, pois tinha acabado de ganhar bebê e diante dos riscos de trabalhar fora, não queria se arriscar. “Eu sempre gostei muito de cozinhar, mas nunca fiz isso profissionalmente. Comecei com brigadeiros gourmet [desde os tradicionais, recheados e alcoólicos] e fui aumentando, fazendo cones trufados e bolos”, explica.
Sua ideia sempre foi oferecer um produto de qualidade elevada e, por isso, pontua que utiliza os melhores produtos que o mercado oferece. “Em janeiro eu providenciei as cascas de chocolate nobre e armazenei em um quarto com refrigeração a 18°C por 24 horas. Os recheios foram todos produzidos essa semana e estou ainda finalizando as encomendas”, explica. Atualmente, Isabela já conta com 90% do estoque vendido.
Para atrair os clientes, ela começou a divulgação dos itens em fevereiro, inclusive, catalogou seus produtos através de fotos produzidas com o fotógrafo Renato Ogata, da Ogatafotos. “Duas semanas antes da Páscoa eu produzi um trio de mini ovos com os sabores mais vendidos até então. A qualidade dos produtos e o preço competitivo atraíram bastante os clientes, pois os ovos do mercado estão mais caros e não são tão atrativos”, explica. Até ontem, ela contava com 84 encomendas para Páscoa.
O impacto da pandemia já refletiu em diversos cenários e a Páscoa deste ano não ficou de fora, conforme publicou recentemente este diário. Em Presidente Prudente, os supermercados estimam uma queda de até 30% nas vendas dos tradicionais produtos pascais se comparado ao mesmo período no ano passado. Neste ano, os famosos ovos de chocolate podem ser encontrados de R$ 17,90 até R$ 82,90, preços que, conforme relatado por gerentes locais, não sofreram mudanças tão significativas em comparação à Páscoa de 2020.
A Abras (Associação Brasileira de Supermercados) explica que a venda de ovos de Páscoa começou mais cedo neste ano, mais precisamente na segunda quinzena de janeiro, com um preço mais amargo por conta do dólar. Como o cacau é uma commodity, um produto cujo preço é cotado no mercado internacional/moeda americana, os preços estão em média de 4% a 5 % mais altos. Em alguns casos chegam a custar 10% a mais, segundo fabricantes e lojistas. A Lacta, por exemplo, apostou em uma maior operação de e-commerce e ampliou o seu portfólio com uma linha de presenteáveis, conforme apurou a reportagem junto ao site oficial.
Foto: Cedida
Isabela já conta com 90% do estoque vendido