Neste mês é celebrado o Outubro Rosa, mês de conscientização sobre a prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. Doença esta que acomete mulheres pobres ou ricas em todo o mundo. Destrói física e emocionalmente tanto as pacientes quanto seus familiares. E por ser uma enfermidade tão séria e silenciosa é de suma importância que, anualmente, as mulheres, principalmente a partir dos 40 anos, procurem um especialista para fazer o exame de mamografia. Mesmo agora na pandemia. “Devemos lembrar que mamografia é o exame de escolha para o rastreamento, comprovado cientificamente que reduz a mortalidade do câncer de mama, caso ocorra o diagnóstico precoce”, enfatiza o mastologista Rafael Sá, do HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, de Presidente Prudente.
O especialista lembra que, embora seja menos comum, a doença pode acometer mulheres mais jovens também. “Por isso, independente da idade, se perceberem alterações em sua mama, procurem atendimento médico para avaliação adequada”, orienta o mestre em mastologia, que é exatamente um dos médicos que farão a cirurgia da supervisora de vendas, Aline Martines Colnago, 34 anos, mamãe do pequeno Rafael, de apenas 1 ano e 4 meses, e esposa de Renan Martines Galante da Silva.
“Estou muito ansiosa com a proximidade da cirurgia, que está prevista para a primeira semana de novembro, pois não vejo a hora de terminar o tratamento e tirar essa doença do meu corpo. Farei a retirada das duas mamas [esvaziamento], preservando as aréolas com reconstrução já na mesma cirurgia. O câncer está na mama direita, porém, o médico me orientou que, como tenho uma mutação genética BRCA2, vamos retirar as duas, para evitar uma futura remissão da doença na outra mama sadia”, expõe a jovem Aline.
Em fevereiro, Aline sentiu um nódulo em sua axila, mas como o esposo também estava com alguns carocinhos pelo corpo, ele foi a um infectologista, que detectou em exames que pai e filho estavam com citomegalovírus (ínguas). O de Aline deu negativo. Mas, o médico lhe pediu que repetisse o exame dentro de 15 dias, porque ela poderia estar no começo da contaminação e, por isso, não apareceu.
Nesse intervalo de tempo, Aline, preocupada, fez uma ultrassonografia e procurou uma especialista, que lhe disse que, como ela estava investigando sobre a citomegalovírus e não estava sentindo nada na mama, poderia ser algo realmente infeccioso. Orientou que esperasse o retorno ao infecto e voltasse nela em março. No entanto, com a chegada da pandemia, a consulta foi cancelada. Ela acabou não repetindo o exame que o infecto pediu e, com medo do coronavírus, ficou tranquila achando que não fosse nada.
No final de abril, sentiu um caroço na mama, mas não se preocupou, porque é o tal negócio: “a gente nunca acha que vai acontecer com a gente”. Em maio, teve um estalo e ligou para a mastologista, que na mesma hora marcou a consulta. Ao examiná-la, a médica perguntou se ela estava sozinha. Naquele instante, Aline já se tocou que tinha alguma coisa errada. Perguntou por que, e a médica disse que ela teria que fazer uma biópsia naquele mesmo dia e, por conta do procedimento (meio que a tranquilizando), ela disse que Aline não poderia dirigir, porque poderia causar incômodos. E, por isso, era bom chamar sua mãe ou seu esposo para a acompanharem.
“Na verdade, a doutora já sabia o que era. Assim como a que fez a biopsia, que antes mesmo da realização já afirmou que era um câncer de mama sim, e que o exame seria só para confirmar 100%. A biopsia ficou pronta e, ao levar para a minha médica, ela explicou que quando a mulher tem um câncer abaixo dos 40 anos é gravíssimo, e como estava na axila, eles falam que é secundário, bastante agressivo, e corre o risco de espalhar para outras partes do corpo. A partir dali são vários exames e muita angústia para saber se estava apenas na axila e na mama mesmo. E graças a Deus estava”, narra Aline.
Com a pandemia, imagine, se quem está saudável se apavorou, ela, então descobrindo o câncer, não colocava mais o pé fora de casa, mesmo. Aline iniciou o tratamento em junho com quatro quimioterapias vermelhas, de 15 em 15 dias. Alterou a rotina de toda a família. Desde então, em sua casa, entram apenas sua mãe, que passou a ajudá-la, seu esposo, que só sai para trabalhar, porque não tem jeito, e a babá do seu filho, que ela optou por mantê-la, porque precisaria de ajuda, uma vez que sua imunidade começou a cair muito. De resto, ela não tem contato com mais ninguém. “Estou na segunda etapa, que são as quimioterapias brancas, 12, uma por semana. Já fiz oito, graças a Deus. Agora, estou indo mais vezes aos médicos, quinzenalmente, para exames pré-operatórios e ver como está a evolução do meu tratamento. Em nenhum momento pensei em pausar o tratamento. Morro de medo do coronavírus, mas tenho muito mais do câncer. Me aflijo só de pensar em perder uma quimioterapia, porque cada vez tenho que fazer exames de sangue pra saber se a imunidade está boa, eu morro de medo”, frisa a paciente.
Aline agradece a Deus pelo companheirismo de seu esposo. Ela diz que ele tem sido muito compreensivo, a acompanha em todas as quimioterapias e consultas. Muito parceiro e, acima de tudo, paciente, porque a vida dele mudou toda também.
Aline, que já vinha de uma gestação bem complicada, antes disso sofreu dois abortos, afirma que se apegar a Deus fez toda diferença nesse momento. “Tive que ter muita disciplina e acreditar em um milagre para tê-lo, fiquei praticamente os 9 meses de cama. E por Deus e Nossa Senhora meu milagre está aqui hoje. Tenho certeza que Deus não me deu ele por acaso, pois meu filho é minha maior força, e tenho fé que vou passar por essa também. Nunca pensei que isso poderia acontecer comigo, então, nem pensava em mamografia. Eu gostaria de destacar essa questão de achar que com a gente não acontece, porque mesmo com o nódulo palpável na mama eu tinha certeza que não era nada. Não deixem de se cuidar. A gente vai deixando de lado, e o diagnóstico precoce é fundamental para dar tudo certo!”, exclama confiante Aline.
Foto: Cedida
Aline diz que seu pequeno Rafael é sua força maior, e agradece pelo companheirismo do esposo Renan
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