Reza a lenda que certa vez um caçador na savana africana foi surpreendido por um leão enorme. O bicho o encontrou e o homem percebeu que ele iria atacá-lo. Pegou rapidamente sua espingarda e decidiu dar um tiro de advertência enquanto o felino caminhava em sua direção. A arma falhou. Colocou a mão no bolso para ver se algo mais havia ali para salvá-lo. Não tinha. Ou melhor, encontrou apenas um pequeno canivete.
Decidiu então correr, mas não demorou muito e tropeçou feio. Era questão de tempo para o leão chegar e ele lançou mão de um último recurso: rezar. Chamou Deus e disse: “Senhor, é o seguinte, tenho três coisas para lhe dizer. Uma é que esse bicho vai chegar aqui para me comer e se for de Sua vontade, que eu consiga matar esse leão com o meu canivetinho. Segundo é que se o Senhor estiver torcendo para o leão, por favor, que ele me coma de uma só vez para que eu não sofra. Agora, por fim, se por acaso o Senhor não estiver nem do meu lado e nem do leão, então se prepare porque o Senhor vai assistir a maior luta entre um homem e um animal já vista em todo universo.
É sobre isso, né? Parece que a expressão “matar um leão por dia” é cada vez mais parte de nossa realidade e dezembro está aí para trazer com ele a sensação de cansaço de um ano inteiro de muita luta.
E já ligando com a historinha que contei no início, em muitas destas batalhas, vencemos por força divina, se você acredita na fé, ou porque alguém esteve ao nosso lado. Mas também perdemos muitas delas e foi vez do leão ser vencedor.
Só que se você puxar bem na memória, houve um bom punhado de lutas em que conseguiu no mínimo dar uma boa canseira no leão, quando não venceu por conta própria.
E aí vem um bom ensinamento: a gente precisa parar de vez de ficar procurando parceiros para nossas batalhas diárias. Seja Deus ou outra pessoa. Às vezes, o que a vida espera de nós é a decisão do caçador de não se render diante do perigo.
Ter medo é bem normal e se bobear você ouviu em algum lugar que esta sensação é uma defesa do organismo para que possamos ficar alertas e prontos para a briga. Mas o medo não pode te paralisar diante dos leões que temos que vencer diariamente.
Não sei bem dizer se o foi o leão ou o caçador que venceu a briga do começo desta crônica, mas suspeito que o bichano não foi páreo para alguém que estava disposto a pelo menos lutar muito. Só acho!