Os filhos partirão...

Papai Educa

COLUNA - Papai Educa

Data 07/06/2017
Horário 18:42
Arquivo Pessoal
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Lá em casa, muitas vezes, tenho a sensação de que tudo parece estar de cabeça para baixo. Em muitas ocasiões seguimos na contramão da avalanche de teorias que querem nos enfiar goela a baixo como educar e criar os nossos filhos. Há criação com apego, tem criança de 4 anos com mamadeira, já rolou muita cama compartilhada, o desfralde só ocorreu quando houve sinais de segurança e por mais que eu ofereça autonomia e responsabilidades para que o pequeno ganhe independência em sua formação e desenvolvimento, há muitos afazeres que eu me proponho a ajudá-lo.

Embora estejamos em busca constante de aprendizado e acreditamos que os estudos nos mais variados campos do desenvolvimento humano sejam regados de benefícios, não ficamos presos às teorias, correndo atrás dos livros como se fossem manuais de instruções. Aliás, as crianças não vêm com botões liga/desliga e tampouco ferramentas para apertar parafusos. Elas não os têm e, conforme meu primogênito cresce, eu agradeço à criação divina por vivenciar a edificação de um ser único, com identidade própria, que também me forma com exposição de personalidade e ponto de vista. E mesmo que a informação seja um fio condutor, me pauto na intuição paterna e no amor para minhas escolhas.

Com dois pequenos em casa, senti a mudança significativa na rotina e, digamos que... até mesmo na decoração do lar. As louças e porta-retratos estão enfeitados, muitas vezes, com fraldas de boca, copinhos, mamadeiras, normalmente acompanhados dos bonecos dos super-heróis, carrinhos e outras miniaturas. No meio da pequena sala, o carrinho de bebê, o bebê-conforto recém-tirado do veículo e uma cadeirinha de balanço. Bagunça? Não, vida!

Vida que se espalha não só pelos móveis, mas na lataria do carro recém-encerado, nas migalhas espalhadas pelo assento, nas pegadas de sapato no encosto do banco ou nas de mão no vidro traseiro. Ah, estas últimas deixam suas digitais e faço questão de olhá-las com detalhes, mesmo conhecendo a procedência. Ter filhos tem destas coisas e ser pai é um desafio de releitura diária daquilo que realmente é necessário para nos fazer feliz.

A casa pode estar limpa, mas não ter todos os objetos em seu devido lugar o tempo todo. Pode ser colocada em ordem, porém não garantir o mesmo cenário daquela dos recém-casados. O automóvel ainda que receba a faxina periódica, não exige um estado impecável por muitos dias... Se em nosso meio não há sinais de vida, pode haver os da falta dela...

Permita a “bagunça” e tire uns minutos para o “arrastão” de organização. E, se o tempo não surgir conforme planejado, toque em frente. Convide-os a participar. Nos cobramos demais e, consequentemente, exigimos muito dos pequenos. Discipline-os, seja participativo, mas não autoritário. Almeje respeito e também amor. Esse sentimento nos move e a falta dele é responsável pelas maiores guerras mundiais.

Garanta os abraços, os beijos estalados, o toque físico, o rolar no chão, as brincadeiras sobre a cama e o tapete. Visite as praças, corra, pule... Olhe profundamente nos olhos, amacie seus cabelos e busque também “não fazer nada” em sua companhia. O “nada” pode ser “tudo” quando há oferta de tempo. Queira assistir o filme agarradinho no sofá, converse sobre a relação de vocês, seus sentimentos, sonhos, vontades e eduque-o, mas não o faça refém da disciplina.

Permita-se seguir em equilíbrio, tendo-o como palavra-chave na conduta deste processo de formação. Precisamos ser capacitados para amar e não apenas falar “eu te amo”... Um dia nossos filhos sairão da nossa cama, não sujarão o banco do carro e não deixarão mais marcas de mãos pelos móveis. Os mesmos dedos que tocam tudo pela casa não estarão nas nossas costas durante a madrugada, não segurarão mais nossos dedos para atravessar a rua, não acariciarão nossa face enquanto os seguramos nos braços e talvez sejam vistos num abano de adeus, sem prazo de volta... Já não existirão madrugadas em claro, mamadeiras e brinquedos espalhados e o colo já não os acolherá...

E, como eles não acompanham manuais quando desembarcam em nossa vida, sobretudo com orientações de como reprogramar os momentos perdidos, experimente ofertar-lhes aquilo que o dinheiro não compra... Não se prenda aos livros, às teorias... abuse do amor! O tempo não vai parar, não haverá prazo para garantias e, um dia, eles partirão!

Leandro Nigre é pai, jornalista, especialista em Mídias Digitais, editor-chefe do jornal O Imparcial, em Presidente Prudente e idealizador do projeto Papai Educa www.papaieduca.com.br. Contato: [email protected]

 

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CRIANÇAS X TV

Não dá para fugir da tentação de interagir com telas em torno da casa. Elas estão em toda parte; nas cozinhas, nas salas de estar ou de televisão e até mesmo em nossos banheiros e camas. Com a conveniência de programas de streaming, como Netflix e YouTube, e a portabilidade e acessibilidade de iPads, smartphones e smart TVs, estamos constantemente inundados com imagens, sons e uma série de distrações multimídia. E as crianças? Podem se tornar vítimas dessa multiplicidade de telas? Leia mais no blog www.papaieduca.com.br.

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