Chegamos ao desfralde do meu segundo filho, aos 2 anos e meio, com a esperança de que, também nesse quesito, nenhum irmão seja igual ao outro. O desfralde do primogênito foi traumático a nós, pais. O xixi ele assimilou bem, já nos primeiros dias, mas o cocô foi um desafio que só.
Foi um ano de tentativas: penico, redutor de assento, fraldas, longos dias sentados à frente do vaso sanitário à espera de que ele fizesse cocô sem choro, lágrimas e gritos! Nunca me imaginei no chão, cantando “Cocô, cocô, cocô, você é meu amigo”, enquanto meu coração se espremia para que a contração viesse e ele se permitisse livrar do tormento.
Por recomendação da pediatra, e já com 3 anos, buscamos tratamento psicológico, pois não havia nada físico que o impedisse: sem ressecamento, nem dor. Era um controle voluntário dos mecanismos de evacuação. A encoprese! Ele dominava bem os esfíncteres.
De personalidade forte, revelou na psicoterapia que estava mandando na casa e no próprio organismo. Era hora de intervir! Tivemos de ser mais firmes e permitir que ele adquirisse autonomia e coragem para o processo natural. Para ele, a evacuação era uma experiência negativa e ele segurava as fezes por medo. O pequeno chegou a ficar seis dias sem evacuar! Buscamos a emergência médica algumas vezes. No banheiro da sala de espera, ele fazia! Desesperador! Tudo passou...
Agora, mais conscientes, sabemos que não fazemos o desfralde, mas ele é quem se desfralda. Desta vez, o livrinho “O cocô amigo”, da cartunista Mauren Veras, está nos servindo de apoio. Ilustrativo e de linguagem simples, o pequeno adorou. Ele ainda não se adaptou ao sanitário para o número 2 e ainda está com a fralda noturna, mas a sua hora virá! Muita paciência, amor e um estoque de cuequinhas na gaveta... Nesta etapa, vale cantar, brincar, colar adesivos na parede, bem como encorajar e reconhecer cada avanço, mesmo diante dos incontáveis convites para ir ao sanitário.
Ao vivenciarmos o auge do desfralde, enquanto homem clamo por trocadores nos banheiros masculinos. Já precisei inúmeras vezes e não os encontrei. Já troquei no chão, no banco, no carro, em pé... Em todos os estabelecimentos e eventos, o trocador de fraldas deveria ser obrigatório, mas enquanto não é, a inserção precisa partir do bom senso dos responsáveis por estes espaços. Os sanitários “família” também são bem-vindos. Aliás, não é função apenas da mulher a troca da roupa suja no fraldário e, basta uma voltinha por aí para nos certificarmos da necessidade disso. Pais devem ser integralmente pais.
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Fotos: Divulgação
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