A Polícia Civil de Presidente Prudente deflagrou na manhã desta terça-feira a Operação Two Face, que visa desarticular um grupo criminoso que aplica golpes por meio de aplicativos de mensagens. A ação ocorreu de forma simultânea em quatro Estados da Federação: Goiás, Roraima, Pará e Minas Gerais e contou com a participação de 70 policiais civis da área do Deinter-8 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior).
De acordo com a Polícia Civil, as investigações tiveram início em agosto do ano passado, quando uma vítima prudentina procurou a 1ª DIG (Delegacia de Investigações Gerais da Deic 8) alegando ter sofrido um prejuízo de R$ 34.391,00. Pouco tempo após instalação do inquérito, a polícia vislumbrou que, na verdade, não se tratava de um caso isolado e que outras dezenas de vítimas foram sendo catalogadas como pagantes enganadas pela mesma fraude eletrônica.
Desta maneira, considerando o relevante número de casos idênticos verificados em registros de vítimas em Presidente Prudente e região, além, anunciados em redes sociais que se multiplicaram com o tempo da investigação e o anúncio do mesmo crime e prejuízos, tudo foi encaminhado ao Seccold (Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro) para análise precedente e emissão de relatório técnico.
Com sete meses de ações de inteligência, em atos legítimos autorizados pela Justiça e pareceres favoráveis do MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), com os cruzamentos de informações em fontes abertas e fechadas, em tese, houve o desvendamento dos crimes que possibilitou a representação cautelar policial, todas deferidas, culminando no deferimento de 41 mandados de prisões preventivas, 56 mandados de buscas domiciliares, bloqueios e sequestros de contas cadastradas em 41 CPFs, além, de uma dezena de sequestros de contas em criptoativos.
Com o resultado das buscas realizadas na manhã desta terça-feira, a Polícia Civil estima que o grupo, por meio dos golpes, angariou uma cifra que pode superar R$ 3 milhões nos últimos meses. Segundo a corporação, a polícia ainda busca a identificação de outros comparsas, bem como novas vítimas e patrimônio ocultado no branqueamento de capital.
Até o momento, 32 mandados de prisão foram cumpridos: 29 em Goiás, dois em Roraima e um em Minas Gerais.
Todos os suspeitos presos permanecerão nos Estados de origem e serão indiciados pela prática do crime de estelionato eletrônico, falsidade ideológica, falsa identidade, integrar organização criminosa, além do ilícito de lavagem de dinheiro.
Por fim, apenas no Estado de São Paulo será possível o esclarecimento de pouco mais de seiscentos fatos criminosos registrados nas cidades paulistas, além de centenas ocorridos em outros Estados da Federação.
Em tese, a ação busca desarticular uma possível organização criminosa, predominantemente de Goiás, que utilizava de uma técnica ardilosa para cometer a fraude eletrônica. Primeiro, obtendo fotografia em rede social e aplicativo de mensagem de vítimas para, depois, em busca e auxílio de outros criminosos digitais - com o cruzamento de informações - entrar em contato com familiares próximos, amigos, sócios ou conhecidos - todos pesquisados em redes sociais - informando a troca de prefixo telefônico, em chip cadastrado com a foto do conhecido, e, após, solicitando valores sob alegação de problema no aplicativo bancário.
Parte dos contatados fazia o pagamento e, apenas depois do encontro com os entes reais, descobriam o crime.