A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta terça-feira, a Operação Per Saltum, que visa desarticular uma organização criminosa responsável por cometer diversos ataques cibernéticos, entre eles, a sites de, ao menos, sete prefeituras nos Estados de São Paulo e Minas Gerais. Três municípios da região de Presidente Prudente foram alvo dos criminosos: Anhumas, Pirapozinho e Teodoro Sampaio.
Segundo informações divulgadas pelo Deinter-8 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), por meio dos golpes, o valor do desvio de recursos públicos na região de Prudente passa os R$ 2,5 milhões. Até o momento, apurou-se desvios somente em Pirapozinho (R$ 2.564.926,97). Em Teodoro Sampaio e em Anhumas, as tentativas dos criminosos foram malsucedidas.
De acordo com a Polícia Civil, além de uma célula que se incumbia por ataques cibernéticos a órgãos públicos, o leque de atuação do grupo incluía golpes com uso de sites falsos para retenção de senhas - prática conhecida por “phishing” e o uso de engenharia social em diversos nichos, desde ao acesso a dispositivos e redes sociais à manipulação de dados para fraudes contra o sistema financeiro.
A Polícia Civil de São Paulo deu cumprimento a 50 mandados judiciais, sendo 36 mandados de busca e apreensão no Estado de São Paulo e em outros dois Estados da Federação e 14 prisões temporárias.
Em uma ação prévia à etapa desta terça-feira, conforme a polícia, foram cumpridos outros 18 mandados de busca e apreensão, totalizando 68 mandados judiciais. A corporação interpreta como medidas necessárias e complementares às ações de inteligência cibernéticas desenvolvidas até o momento pelos investigadores de polícia de Presidente Prudente.
Até o fechamento desta matéria, foi divulgado pela Polícia Civil a realização de 11 prisões: cinco em São Paulo, uma em Santos; três em São Vicente e duas em Praia Grande. De acordo com informações do Deinter-8, a prisão dos líderes da organização criminosa ocorreu em prédios de luxo no litoral paulista.
Os agentes policiais deram cumprimento aos mandados de busca e apreensão e apreenderam equipamentos eletrônicos, veículos e quantias em valores que ainda não foram contabilizadas. Foram apreendidos R$ 33.258,00 em dinheiro, quatro carros e catalogadas outras dezenas de veículos para recuperação patrimonial.
A investigação da Polícia Civil apurou que a forma de praticar os golpes financeiros corresponde a cada uma das modalidades de fraudes virtuais por meio de técnicas de engenharia social usada por criminosos virtuais para induzir usuários desavisados a enviar dados confidenciais, infectar seus computadores com malware ou abrir links para sites maliciosos.
A corporação cita como exemplo o ataque contra a Fazenda Pública Municipal de Pirapozinho, onde o desvio de recursos públicos chegou a R$ 2.564.926,97. Os policiais civis identificaram o uso combinado de impersonatio (se passar por outra pessoa por meio de um perfil) e engenharia social, com uso de phishing e vishing (golpes verbais para induzir as vítimas).
De acordo com o delegado responsável pela investigação, Everson Aparecido Contelli, todos os golpes contra prefeituras utilizaram o mesmo modus operandi. “Este grupo criminoso pratica diversos outros crimes virtuais, com subtração de senhas de Instagram; golpes financeiros; golpes envolvendo seguros, etc... Porém, quanto aos entes públicos, leia-se prefeituras, os golpes foram muito parecidos, para não dizer idênticos”, indica o delegado.
A corporação indica que “Per Saltum” (do latim saltar), termo utilizado para nomear a operação desta terça-feira, é uma alusão à complexidade financeira e de recuperação dos bens proporcionada à Polícia Civil com a implantação de Bancos Digitais no país e a utilização do protocolo PIX, cuja fusão do real e do virtual não foi - ainda - acompanhada pelo sistema de Justiça criminal, que mantém inalterada as denominadas medidas assecuratórias descritas em 1941 - data da entrada em vigor do atual Código de Processo Penal.