Oncologista desmistifica inverdades sobre câncer e fala da importância de cuidados continuados

Diagnóstico tem forte impacto emocional no paciente e pessoas próximas, o que torna relevante acompanhamento multidisciplinar

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 07/04/2025
Horário 17:13
Foto: Arquivo pessoal
Graziela Costa Zani diz que causas do câncer vão muito além da hereditariedade
Graziela Costa Zani diz que causas do câncer vão muito além da hereditariedade

O Dia Mundial de Combate ao Câncer, celebrado nesta terça-feira, reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. Nesta data, além de destacar as principais orientações para prevenir e enfrentar a doença, a médica oncologista cooperada da Unimed de Presidente Prudente, Graziela Costa Zani, relata avanços médicos da especialidade e desmistifica falsas ideias sobre a patologia.

“A oncologia hoje é uma das áreas dentro da medicina que mais crescem e, graças a Deus, com publicações de trabalhos constantemente”, comenta a médica. 

Conforme a especialista, nos últimos anos, houve significativos avanços no tratamento de câncer, especialmente no campo da imunoterapia e terapias direcionadas ou terapias-alvo, assim como melhores medicações para minimizar efeitos colaterais. Além disso, também foram desenvolvidos aparelhos modernos de diagnóstico por imagem avançado. “São novidades que tiveram grande benefício na qualidade de vida e no tratamento das doenças tanto no quadro metastático quanto no tratamento precoce. São divisores de águas”, destaca Graziela.

Mesmo com tantos avanços e tecnologias, ainda circulam falsas ideias e mitos sobre o câncer. A oncologista destaca duas inverdades e traz esclarecimentos:

“O câncer nem sempre é hereditário, embora a genética tenha grande influência. Muitos cânceres são causados por fatores ambientais, estilo de vida e outros fatores de risco. O câncer de cabeça e pescoço, por exemplo, pode ter relação com bebida alcoólica e com o cigarro. Então, nem sempre é só a genética”, explica a médica.

Outro mito é que o câncer é sempre fatal: “O diagnóstico precoce e os tratamentos modernos aumentam significativamente as chances de cura e controle da doença. Então, o câncer nem sempre é fatal. Nem sempre quem tem câncer vai morrer do câncer. Hoje em dia, a gente tem muita coisa nova e realmente a detecção precoce muda todo esse cenário”, alerta.

Rede de apoio

O diagnóstico de câncer pode ser devastador e muitos pacientes enfrentam sentimentos de medo, ansiedade e depressão. Diante do impacto psicológico, a médica explica que existem estratégias para apoiar esse momento. “A gente geralmente orienta que exista uma equipe multidisciplinar que ajude nesse contexto, uma psicóloga que acompanhe, para ter essas medidas de enfrentamento, de como agir perante esse medo grande”, conta. 

O papel do médico também inclui apoio, consolo e orientação sobre o diagnóstico. A especialista diz ser fundamental dar esperança de que, atualmente, existem muitas possibilidades na medicina e medicamentos para controle de efeitos colaterais. “Hoje em dia, eu tenho pacientes que têm câncer metastático de mama e levam a vida normalmente, às vezes não tiveram que fazer a quimioterapia porque usaram medicações novas, não tiveram a queda de cabelo... Mas cada caso é um caso, a gente não pode individualizar. Só que tem que acompanhar”, reforça.

Grupos de apoio também são importantes nesse momento. “Aqui na cidade a gente tem, por exemplo, as Amigas do Peito, que ajudam bastante com a experiência de outras mulheres que passaram por aquilo, que já viveram esse processo doloroso e que se abrem para ajudar o próximo que está passando por esse momento”, indica a médica.

Outro ponto importante é a família, que desempenha um papel essencial no apoio emocional, oferecendo amor, compreensão e encorajamento. “É fundamental que a família também cuide de sua própria saúde mental, pois o cuidado a um ente querido com câncer pode ser desafiador”, diz.

Cuidados continuados

Um assunto que às vezes tem um entendimento equivocado são os cuidados paliativos, ou cuidados continuados, que ocorrem em conjunto com os cuidados oncológicos. “O quanto antes a gente introduzir os cuidados, muda-se até a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes com câncer. Já existem trabalhos que falam sobre isso”, conta.

“Geralmente, para pacientes que têm a doença metastática, ou seja, quando a doença já tem raiz em outro local, a introdução dos cuidados paliativos precocemente ajuda em tudo, porque vai orientar, às vezes, um manejo de dor, de desconforto e dos efeitos colaterais que a doença gera. Além disso, aumenta a qualidade de vida dele e a chance de ele continuar num tratamento”, explica a médica oncologista.

Nos casos em que o paciente está muito debilitado e não tem condições de manter um tratamento modificador da doença, seja com radioterapia, cirurgia, quimioterapia ou imunoterapia, entram os “cuidados exclusivos”, que seriam de conforto, qualidade de vida e acalento, porque às vezes o efeito colateral do tratamento modificador é maior e debilita mais o paciente do que deixá-lo sem esse tratamento.

Nesse momento, é essencial entender até onde esse tratamento vai beneficiar o paciente em aumento de tempo de vida, de qualidade de vida ou de doença. Se esses cuidados já não surtirem mais efeito, é preciso refletir sobre incluir os cuidados exclusivos, deixando somente os controles de dor e infecção, se houver, e o manejo da situação.

Por fim, a médica oncologista diz para quem está enfrentando o câncer ou tem alguém próximo nessa situação que é importante lembrar que o diagnóstico não define quem a pessoa é. “Você não está sozinho! Conte com o apoio do seu médico oncologista. E lembre-se que a prevenção e os exames regulares podem salvar vidas, procure seu médico”, pontua.

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