Onça-parda Nala aguarda recinto adequado na Cidade da Criança

Levada ao zoológico quando tinha cerca de um mês de vida, felino de um ano de idade precisa de espaço de 450 m² para boa sobrevivência; Prefeitura busca recursos na ordem de R$ 150 mil

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 09/02/2023
Horário 04:05
Foto: Cedida/Cidade da Criança
Fratura sofrida por Nala a impede de retornar para a natureza
Fratura sofrida por Nala a impede de retornar para a natureza

Resgatada quando tinha em torno de um mês de vida, a onça-parda Nala, agora com um ano de idade, ainda não possui um recinto adequado no zoológico da Cidade da Criança , em Presidente Prudente. O ideal é que o felino disponha de um espaço de 450 m², necessário para a boa sobrevivência dela. Para isso, a Setur (Secretaria Municipal de Turismo) faz um levantamento de recursos para a construção do local, orçada em aproximadamente R$ 150 mil. É também buscado apoio junto ao MPE (Ministério Público Estadual), Polícia Militar Ambiental e empresas particulares.
“O recinto será construído visando o bem-estar do animal e todas as regras de segurança impostas pelo Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], por se tratar de um felino de grande porte”, explica a médica veterinária Érica Silva Pellosi, que trabalha dentro do complexo.
A profissional esclarece que o animal é de difícil destinação. A equipe inclusive já fez contato com outros órgãos, que desconhecem a possibilidade de local para transferência. No entanto, outras instituições são consultadas para verificar possível remanejo a um espaço mais apropriado.
Enquanto isso, Nala é mantida na quarentena do hospital veterinário. “A onça-parda está em um setor isolado dos demais, com técnicas de segurança necessárias, e é submetida a um protocolo de bem-estar animal, acompanhado pela equipe técnica”, completa Erica.

Ministério Público

Mencionada nesta matéria, a Promotoria de Justiça Cível de Prudente informou que o Ministério Público tenta a reversão de multas ambientais para ajudar na construção do abrigo para a onça Nala. “Entretanto, em reunião com o prefeito [Ed Thomas, sem partido], este se comprometeu a construir o abrigo e a campanha posteriormente seria para a manutenção do animal”, salienta o órgão.
A este respeito, o titular da Setur, Adolfo Padilha, mencionou que existe o empenho de encontrar, dentro do orçamento municipal, a possibilidade de construir o recinto e que, simultaneamente, a gestão encaminhou à Secretaria Estadual de Turismo uma solicitação de verba, da qual parte seria destinada para a viabilização do novo espaço de Nala.
A reportagem também deu espaço para a Polícia Ambiental se posicionar, mas não recebeu resposta até o fechamento desta edição.

Chegada de Nala

A onça-parda foi resgatada ainda bebê pela Polícia Militar Ambiental em uma área de plantio de cana-de-açúcar, em Junqueirópolis. A médica veterinária detalha que ela estava fraca e debilitada, com vários ferimentos pelo corpo e uma fratura num dos membros. Foi, portanto, encaminhada para uma clínica veterinária da cidade, onde recebeu atendimento, e passou por cirurgia para correção da fratura. Posteriormente, acabou sendo levada para o zoológico da Cidade da Criança, em Prudente, a fim de que a equipe de profissionais desse continuidade ao tratamento. “Quando chegou, ainda bebê, ela não comia sozinha, por isso precisava ser alimentada na mamadeira”, relembra Erica.
Questionada sobre a impossibilidade de Nala retornar ao seu habitat natural, a médica veterinária esclarece que filhotes que perdem a mãe tão cedo sofrem trauma psicológico e não aprendem a se defender ou a caçar para comer. “Além disso, passam a ver o ser humano como um igual, o que gera um grande problema. Somado a isso, Nala possui uma limitação física. Devido à fratura que sofreu, ela perdeu o movimento da articulação do cotovelo, o que impede que tenha a movimentação necessária para sobreviver”, denota.

Foto: Cedida/Cidade da Criança

Nala é mantida na quarentena do hospital veterinário

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