Resgatada quando tinha em torno de um mês de vida, a onça-parda Nala, agora com um ano de idade, ainda não possui um recinto adequado no zoológico da Cidade da Criança , em Presidente Prudente. O ideal é que o felino disponha de um espaço de 450 m², necessário para a boa sobrevivência dela. Para isso, a Setur (Secretaria Municipal de Turismo) faz um levantamento de recursos para a construção do local, orçada em aproximadamente R$ 150 mil. É também buscado apoio junto ao MPE (Ministério Público Estadual), Polícia Militar Ambiental e empresas particulares.
“O recinto será construído visando o bem-estar do animal e todas as regras de segurança impostas pelo Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], por se tratar de um felino de grande porte”, explica a médica veterinária Érica Silva Pellosi, que trabalha dentro do complexo.
A profissional esclarece que o animal é de difícil destinação. A equipe inclusive já fez contato com outros órgãos, que desconhecem a possibilidade de local para transferência. No entanto, outras instituições são consultadas para verificar possível remanejo a um espaço mais apropriado.
Enquanto isso, Nala é mantida na quarentena do hospital veterinário. “A onça-parda está em um setor isolado dos demais, com técnicas de segurança necessárias, e é submetida a um protocolo de bem-estar animal, acompanhado pela equipe técnica”, completa Erica.
Mencionada nesta matéria, a Promotoria de Justiça Cível de Prudente informou que o Ministério Público tenta a reversão de multas ambientais para ajudar na construção do abrigo para a onça Nala. “Entretanto, em reunião com o prefeito [Ed Thomas, sem partido], este se comprometeu a construir o abrigo e a campanha posteriormente seria para a manutenção do animal”, salienta o órgão.
A este respeito, o titular da Setur, Adolfo Padilha, mencionou que existe o empenho de encontrar, dentro do orçamento municipal, a possibilidade de construir o recinto e que, simultaneamente, a gestão encaminhou à Secretaria Estadual de Turismo uma solicitação de verba, da qual parte seria destinada para a viabilização do novo espaço de Nala.
A reportagem também deu espaço para a Polícia Ambiental se posicionar, mas não recebeu resposta até o fechamento desta edição.
A onça-parda foi resgatada ainda bebê pela Polícia Militar Ambiental em uma área de plantio de cana-de-açúcar, em Junqueirópolis. A médica veterinária detalha que ela estava fraca e debilitada, com vários ferimentos pelo corpo e uma fratura num dos membros. Foi, portanto, encaminhada para uma clínica veterinária da cidade, onde recebeu atendimento, e passou por cirurgia para correção da fratura. Posteriormente, acabou sendo levada para o zoológico da Cidade da Criança, em Prudente, a fim de que a equipe de profissionais desse continuidade ao tratamento. “Quando chegou, ainda bebê, ela não comia sozinha, por isso precisava ser alimentada na mamadeira”, relembra Erica.
Questionada sobre a impossibilidade de Nala retornar ao seu habitat natural, a médica veterinária esclarece que filhotes que perdem a mãe tão cedo sofrem trauma psicológico e não aprendem a se defender ou a caçar para comer. “Além disso, passam a ver o ser humano como um igual, o que gera um grande problema. Somado a isso, Nala possui uma limitação física. Devido à fratura que sofreu, ela perdeu o movimento da articulação do cotovelo, o que impede que tenha a movimentação necessária para sobreviver”, denota.
Foto: Cedida/Cidade da Criança
Nala é mantida na quarentena do hospital veterinário