Oito municípios da região aderem à casa abrigo para mulheres em situação de violência

Espaço, que será gerido pela Associação O Amor é a Resposta, poderá acolher até 20 pessoas por três meses ou mais

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 23/09/2020
Horário 16:56
Mariana Padovan - Implantação foi aprovada por unanimidade em reunião nesta quarta
Mariana Padovan - Implantação foi aprovada por unanimidade em reunião nesta quarta

Presidente Prudente terá ainda neste ano o Serviço Regional de Acolhimento para Mulheres em Situação de Violência e seus Filhos e Filhas. A implantação da casa abrigo, como também é chamada, e que deverá ser gerida pela Associação O Amor é a Resposta, foi aprovada por unanimidade em reunião realizada nesta quarta-feira, no Centro Cultural Matarazzo, pelo Ciop (Consórcio Intermunicipal do Oeste Paulista) com oito municípios consorciados, bem como com participação da Defensoria Pública de Presidente Prudente e do MPT (Ministério Público do Trabalho).

Com endereço confidencial e segurança na residência, o serviço prevê o acolhimento provisório para mulheres, acompanhadas ou não de seus filhos, em situação de violência física, sexual, psicológica ou dano moral. O espaço funcionará 24h por dia e tem como tempo de acolhida três meses, sendo prorrogável por mais três ou a critério da equipe técnica. Ao todo, 20 pessoas, entre mulheres e filhos(as), poderão ser abrigadas em uma casa de seis quartos, sendo um suíte.

Para implantação do serviço, que será em Prudente, o MPT investirá R$ 283.877,33, destinados à aquisição de mobiliário e equipamentos, além de dois meses de custeio. Após este período, a iniciativa será custeada por meio de repasse do governo do Estado, no valor de R$ 26 mil, e por repasse dos oito municípios que aderiram à casa abrigo, sendo Prudente, Presidente Bernardes, Martinópolis, Narandiba, Presidente Epitácio, Rancharia, Regente Feijó e Taciba. Cada cidade deverá repassar R$ 3.250 mensais para custeio do serviço, além de R$ 656 ao Ciop, já que o consórcio será responsável pela gestão fiscal e financeira do espaço.

Segundo o Executivo de Prudente, atualmente são atendidas no Creas (Centro de Referência Especializada da Assistência Social) 72 mulheres vítimas de violência na cidade. Diante disso, "é dever do município oferecer este espaço de acolhimento". "Tivemos uma reunião na segunda entre prefeitos e discutimos justamente a implantação do serviço. Houve a decisão de aderirmos, pois é muito importante termos um local de acolhimento às mulheres que estão submetidas à violência, seja ela doméstica, institucional, familiar, tráfico de mulheres, entre outras", informa.

O presidente do Ciop, Cristiano Macedo Engel, conta que, embora seja um projeto piloto, a iniciativa já nasce com a ideia de ser ampliada, inclusive podendo ser dividida por regiões, sendo uma casa em Prudente, outra em Presidente Venceslau, e mais em outras cidades. "Neste período de quarentena, percebemos que os casos de violência doméstica aumentaram muito. Assim, a Defensoria e o MPT nos procuraram e apresentaram o projeto relatando que o Estado poderia custear metade das despesas. Fizemos uma assembleia extraordinária e os municípios entenderam e aprovaram em unanimidade esse projeto piloto".

Abrigo sigiloso

A defensora pública Giovana Devito dos Santos Rota ressalta que é de extrema importância a existência do abrigo sigiloso e pontua que a Defensoria Pública atende com frequência mulheres em risco de perderem a vida. A promotora de Justiça de Regente Feijó, Vanessa Zorzan, acrescenta que a implantação do serviço ajudará com que muitas mulheres saiam do ciclo de violência. "Ela poderá se reestruturar, pois terá um lugar que garantirá a integridade física dela e dos seus filhos", diz Zorzan.

A assistente social e palestrante Lucy Lima conta que já foi vítima de violência doméstica. Dessa forma, ela ressalta a importância da implantação do serviço. "Quando estava sofrendo a situação de violência, cheguei ao fundo do poço e, até mesmo, a buscar o suicídio. Hoje, costumo dizer que a mulher tem uma força interior que ela desconhece. A partir do momento em que ela busca essa força e se autoconhece, começa a exercê-la e as mudanças começam a acontecer. Assim, temos esta necessidade para que essas mulheres tenham um serviço que possa acolhê-las em um momento difícil".

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