Desde o último final de semana a repercussão vem sendo grande com a revelação de que a filha do jornalista, Tiago Leifert e Daiana Garbin, está com um tipo raro de tumor intraocular maligno, o retinoblastoma . A reportagem foi em busca de mais detalhes com o oftalmologista Gabriel Senra, que atende no Banco de Olhos da Santa Casa de Presidente Prudente . Ele começa explicando que o retinoblastoma se origina na retina, localizada na parte posterior do olho.
“Segundo o Ministério da Saúde, o retinoblastoma é o tumor ocular mais comum em crianças, representando cerca de 3% dos cânceres infantis, chegando a uma média de 400 casos por ano. Adulto não é acometido por esta doença. Trata-se de um tumor em pacientes pediátricos”, expõe o oftalmologista.
O especialista explica que cerca de 30% dos retinoblastomas, a alteração no gene RB1 é congênita e está presente em todas as células do corpo (é conhecida como mutação da linha germinativa). Em torno de 70% dos casos de retinoblastoma, a modificação no gene RB1 se desenvolve por si próprio em uma única célula de um olho.
“Não se sabe ainda o que causa essa mudança. Uma criança com retinoblastoma não hereditário desenvolve apenas um tumor em um olho”, diz o especialista.
Diagnóstico
Gabriel menciona que vários exames confirmam ou descartam o diagnóstico de retinoblastoma, começando pelo exame de fundo de olho, que é feito pelo oftalmologista. A seguir, podem ser solicitados ultrassonografia do globo ocular e ressonância magnética das órbitas oculares. “A investigação e o estadiamento sempre ocorrem através de ressonância nuclear magnética. É importante que os pais estejam cientes dos possíveis sinais e sintomas do retinoblastoma e que relatem qualquer alteração suspeita o mais rápido possível ao médico”, aconselha o médico.
Conforme o oftalmologista, na maioria das vezes a causa é algo diferente do retinoblastoma, mas é importante que seja controlada de modo que possa ser diagnosticada e, se necessário, imediatamente tratada.
Combinação de terapias
O tratamento do retinoblastoma, segundo Gabriel, basicamente combina terapias oftalmológicas, como laserterapia e crioterapia, com a quimioterapia para eliminar o tumor. “A laserterapia é bastante eficaz para tumores pequenos restritos à retina e que não envolvem a mácula, a parte mais importante da retina para a visão. A crioterapia usa uma pequena sonda para congelar o tumor e destruí-lo”, diz o médico.
A quimioterapia por sua vez pode ser usada tanto para atacar o tumor quanto para reduzi-lo e tornar a laserterapia ou a crioterapia mais eficientes. “A radioterapia também é bastante eficaz no tratamento dos retinoblastomas e inclui uma pequena placa com sementes radiativas colocadas fora do olho, perto do tumor”, completa.
Quais as chances de cura?
O tratamento tem como foco principal eliminar o câncer e salvar a vida da criança, preservar o olho, se possível, preservar o máximo da visão possível, limitar ao máximo os riscos de aparecimento de um segundo câncer mais tarde, especialmente nas crianças com retinoblastoma hereditário. O tipo de tratamento vai depender: se o câncer está em um olho ou em ambos, do grau de visão do olho afetado e se o tumor se disseminou ou não. A enucleação (retirada do globo ocular) ocorre apenas nos casos de tumores muito grandes e com ausência de visão no olho comprometido.
Sempre alerta
Perguntado ao médico se existe algum exame que pode ajudar os pais ou responsáveis na detecção precoce de problemas de visão, alguma doença ocular que seus pequeninos possam ter, ele frisa que precisam ficar atentos aos principais sinais, sendo um deles o “olho de gato”.
“O ‘olho de gato’ é quando a pupila pode apresentar uma área branca e opaca no contato com o reflexo da luz, sendo facilmente visível em fotos tiradas com flash. A alteração na posição dos olhos é outro alerta, como o desvio ocular [estrabismo] ou tremor nos olhos. Em todos esses casos a criança deve ser levada ao oftalmologista para um exame completo”, orienta o oftalmologista do Banco de Olhos da Santa Casa.
Foto: Cedida
Gabriel Senra, médico oftalmologista do Banco de Olhos da Santa Casa de Prudente