Obra "O Mundo das Fábulas” é lançada no Salão do Livro

Alunos inscritos no Programa Cidadescola, da Escola Municipal José Carlos João, de Presidente Prudente, viveram momentos de alegria, ontem, durante o lançamento do livro que produziram

VARIEDADES - OSLAINE SILVA

Data 21/10/2016
Horário 09:40
 

Sessenta alunos inscritos no Programa Cidadescola, da Escola Municipal José Carlos João de Presidente Prudente, viveram momentos de muita alegria na Arena Cultural do 7º Salão do Livro, ontem. A exemplo de outros profissionais da rede de ensino, a professora Ana Maria da Silva Santos, 45 anos, realizou durante mais de três meses um rico trabalho com os alunos do programa: a produção do livro "O Mundo das Fábulas Cidadesescola", que foi lançado na ocasião, no IBC Centro de Eventos.

Momentos antes do lançamento, a ansiedade dos pequenos era visível. "Se nós adultos estamos ansiosos, imagina eles . Estamos apresentando um trabalho lindo, que foi feito e idealizado exclusivamente pelas crianças, desde os textos até as ilustrações e pinturas, tudo com carinho e capricho. Estamos realmente felizes!", exclamou emocionada a professora.

Jornal O Imparcial Sensibilidade dos cinco autores deu vida ao livro lançado ontem

Segundo Ana Maria, para a elaboração do trabalho, toda a sala participou escrevendo o seu conto, assim como toda a ilustração, das quais cinco foram escolhidos e reestruturados para compor o livro. Foram elas: "A Estrelinha Cadente" – Clarice Carobas de Souza; "A Galinha Disfarçada" – Júlia Grassi; "O Rato e o Gato" – Nicolas Aparecido Vergara de Almeida, "O Macaco Egoísta" - Vanessa Raquel Santos Goubett e "O Pavão Vaidoso" – Ana Júlia Abu Alya Grava.

Ana destaca que a participação da turma no Salão do Livro no ano passado foi o pontapé para a realização desse trabalho com as crianças. Elas estiveram em um bate-papo com Arlette Piai, que fez a revisão deste livro e com Laércio Zaramela, qual haviam trabalhado seu livro "A Menina do Cabelo de Papel". "Esse contato para elas foi enriquecedor, porque elas acham que estar próximo de um autor é algo fora da realidade. Agora estão se tornando escritoras de suas próprias histórias e tratando de assuntos que deveriam ser comuns, mas não são: bons princípios", orgulha-se a professora.

Que o digam os pais de Nicolas, Íris Eloá Vergara de Almeida e Nilton, e a irmãzinha Yasmin que ali estavam acompanhando este momento do filho. "É um grande orgulho. O Nicolas sempre foi uma criança madura para a sua idade. Mas, acho que isso vai da educação que tem em casa. Respeitamos o espaço e momento dele, como deve ser", destaca a mãe.

 

Crianças?

Realmente a imaginação e sensibilidade dos cinco autores são maduras para a idade deles. Ou não! Começando pelo pequeno Nicolas, 8 anos, ele conta que em sua história um gato tem fama de malvado. Certo dia ele vai até um beco, onde vai também o ratinho que encontrou um pedacinho de queijo. De repente aparecem uns pombos e tcham, tcham, tcham. "O ratinho descobre ali que o gato não era o mal da história, do sumiço das coisas, mas os pombos. Ou seja, ‘não julgue as pessoas pelas aparências", frisa o garotinho.

O pavão de Ana Júlia se achava tão melhor que os outros que acabou afastando todos os seus amigos. "Ele passou a ficar muito triste e mais ainda quando viu todos os seus coleguinhas brincando com o elefantinho. Este por sua vez o chamou para brincarem juntos e envergonhado, mas feliz ele foi e viu o quanto eram erradas as suas atitudes. "Os assuntos em voga hoje em dia, como o bulling, o racismo, o preconceito foram o que me instigaram a escrever essa história, pois tudo isso me entristece demais!", exclamou a menina.

"A Estrelinha Cadente" de Clarice, 9 anos, era muito, muito ciumenta. Queria tudo para ela, mas nem pensar em fazer ou doar nada a ninguém. "Na história, uma coruja vive em uma árvore. Um dia ela combina com a lua de salvarem a estrelinha. Então vão até ela, lá caída e tentam convencê-la a voltar para o seu lugar. Orgulhosa ela impõe condições. Dentre elas queria três peninhas para fazer um chapéu e um vestido bem bonito", conta Clarice.

 

Não ao egoísmo e maldade

Vanessa apresentou "O Macaco Egoísta" baseando-se nas atitudes de muitas pessoas que só querem levar vantagem em tudo. "Ele queria ser melhor que todo mundo, roubava a água que era para todos, só para ele. É preciso saber dividir, compartilhar e ter consciência de que todos são iguais. Ninguém é melhor do que ninguém", acredita a garota.

Júlia Grassi, 9 anos, traz mais um personagem querendo se dar bem em cima do outro. Este sim é um gato malvado que vivia aprontando com as galinhas. Certo dia o coelho e seus amigos resolvem salvá-las e aprontam uma para o felino. "Eles colocaram um cacto enfeitado de galinha no caminho dele que: vlapt, quando abocanhou a penosa ficou com a boca cheia de espinhos e aprendeu a lição que todo mal que se faz para alguém volta para si mesmo", salienta a menina.

 

Conscientização

Depois que fizeram todo o trabalho do livro, a turma escolheu uma das cinco fábulas e prepararam uma encenação para os pais. "O Pavão Vaidoso" foi a história escolhida, mas todos os outros personagens estavam com ele no palco.

Após a apresentação, os pequenos autores, Ana Júlia, Clarice, Júlia Grassi, Vanessa Raquel e Nicolas desfilaram com seus looks de acordo com os personagens principais de seus contos. Detalhe, não eram roupas comuns, mas feitas com materiais recicláveis, desde o jornal, a copinhos, garrafas pets, entre outros itens. Inclusive a professora Ana Maria estava toda charmosa com um modelito super moderno feito em corvim.

"Junto com o projeto de escrita acrescentamos trabalhos com recicláveis para que eles tenham consciência de que precisam de descarte correto e mais, que podem virar muitas outras coisas", frisa a professora.

 

Base fundamental

A professora Ana faz questão de ressaltar a importância do programa socioeducativo O Imparcial na Escola para se trabalhar com os alunos. Ela, inclusive, expõe isso no prefácio do livrinho. Conforme a educadora, como oferecem uma oficina de jornal no projeto, ela passou a mandar algumas cartas de leitor para O Imparcial e as crianças foram tomando gosto cada dia mais pela leitura do impresso e de outros livros. Isso também acentuou ainda mais o desejo dos pequenos em publicarem "O Mundo das Fábulas Cidadesescola".

"No começo eles não acreditam que são capazes, mas depois da primeira fábula pronta todos queriam que a sua estivesse no livro. É muito bom ver que o incentivo vale a pena. A participação dos pais é outro ponto mais que positivo. Outras crianças que não fazem parte do projeto vieram me procurar para saber como poderiam participar. Olha, não dá para explicar a satisfação que estamos sentindo nesse momento!", exclamou a professora com toda simplicidade de uma grande mestre!

 

 
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