Obesidade: uma doença crônica que requer compreensão e não julgamento

OPINIÃO - Osmar Marchioto Jr.

Data 07/08/2024
Horário 05:00

Obesidade: uma palavra que carrega consigo estigmas, equívocos e um julgamento injusto. A obesidade não é uma questão de força de vontade ou culpa do paciente; é uma doença crônica, recorrente e recidivante. Precisamos olhar além das aparências e entender a profundidade dessa condição, focando no desenvolvimento de habilidades para superar as barreiras do dia a dia e promover uma vida saudável e sustentável.
Por décadas, usamos o IMC (Índice de Massa Corporal) calculado de uma conta simples que é dividir o peso pelo quadrado da altura, quando o valor é igual/ou maior a 30 o paciente é considerado obeso. Embora seja uma ferramenta útil, o IMC possui limitações significativas. Ele não distingue entre gordura visceral (ao redor dos órgãos) e gordura subcutânea (sob a pele), que afetam a saúde de maneiras distintas. Duas pessoas podem ter o mesmo IMC, mas uma pode estar em maior risco devido à distribuição de sua gordura corporal.
A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade recomendou uma nova forma de classificar a obesidade, que considera a trajetória do peso ao longo da vida. Em vez de focar apenas na redução do IMC, essa abordagem considera o "peso máximo alcançado na vida".
Nosso corpo tende a retornar ao peso mais alto já registrado devido a mecanismos biológicos. Este conceito nos permite definir metas de tratamento mais realistas e sustentáveis.
A nova proposta divide a obesidade em duas categorias:
1. Obesidade Reduzida: Se uma pessoa com um IMC máximo entre 30 e 40 (ou seja, alguém que, no seu ponto mais pesado, tinha um IMC nessa faixa) consegue perder entre 5% e 10% do seu peso, considera-se que ela tem obesidade reduzida. Para aqueles que tiveram um IMC máximo entre 40 e 50, a obesidade é considerada reduzida se perderem entre 10% e 15% do peso.
2. Obesidade Controlada: Se a perda de peso for maior que 10% para aqueles que tiveram um IMC máximo entre 30 e 40, ou maior que 15% para quem teve um IMC máximo entre 40 e 50, considera-se que a obesidade está controlada.
Essa forma de classificar a obesidade ajuda a estabelecer metas de tratamento mais realistas.
Precisamos entender que a mudança de estilo de vida é um processo contínuo. Desenvolver habilidades para superar as barreiras do dia a dia, como o consumo de alimentos ultraprocessados, é crucial. Pequenas perdas de peso já trazem benefícios, como melhora da pressão arterial e redução dos níveis de colesterol.
Apoiemos aqueles que lutam contra a obesidade com compreensão e ferramentas práticas para uma vida mais saudável. Ao enxergar a obesidade como a doença crônica que é, podemos criar um ambiente de apoio e incentivo, focando no médio e longo prazo.
 

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