Obesidade: isenção de responsabilidade não resolve

Jair Rodrigues Garcia Júnior

Num estudo publicado em 2024 um grupo de pesquisadores da Unicamp elencou os fatores determinantes da obesidade, incluindo alguns macroestruturais como desigualdade social, nível educacional, interesses econômicos e políticos. Claro que a genética, o ambiente e outros também estão envolvidos. Com base neste e talvez outros estudos, tem sido cada vez mais repetido um discurso de que o obeso não é responsável por sua condição.

DOENÇA 
De fato, a obesidade é uma doença crônica, portanto passível de ser prevenida e tratada. É considerada de causa multifatorial, ou seja, o conjunto dos fatores acima mencionados e outros, em diferentes proporções. Desde a revolução industrial e avanço da urbanização, as pessoas passaram a gastar menos energia e a consumir mais alimentos, culminando na abundância dos ultraprocessados nas últimas décadas. A maior propensão genética e epigenética (ambiente influenciando os genes) para acumular gordura tem sido passada para cada nova geração. 

ECONOMIA DE ENERGIA
Para maioria das pessoas, o padrão de atividades do dia é majoritariamente sedentário. O trabalho sentado em frente a um computador é dos mais comuns. Locomoção a pé ou de bike é adotada por uma minoria que não possui veículo motorizado e evita despesas com transporte por aplicativo. Estima-se que o gasto calórico diário individual diminuiu, em média, em 300Kcal/dia nas últimas décadas. Num ano, representa 109,5 mil Kcal, como possibilidade de acúmulo de 12Kg de gordura. 

HIPERCONSUMO
Caso você tenha algum esclarecimento sobre o que deve e não deve comer e quais as quantidades ideais para consumo, proponho uma experiência: faça anotações durante uma semana de tudo que consome em excesso, seja pela quantidade ou alimentos que não deveria consumir. Mesmo que tenha algum controle em sua dieta, esse consumo extra pode te surpreender. Há estudos que demonstraram que as pessoas omitem e subestimam alimentos e quantidades que consomem, quando questionados em recordatórios de alimentação.

INDUÇÃO AO ERRO
Na internet e redes sociais há muitas informações incorretas que são compartilhadas e disseminadas por pessoas leigas e até mesmo por profissionais da saúde. Por exemplo, o consumo de gorduras como banha de porco, manteiga, bacon e outras de origem animal como sendo bom, contrariando totalmente a ciência já provou. O consumo de produtos sem glúten, porém altamente calóricos também é um erro grosseiro que as pessoas cometem, pois muitos são ultraprocessados. 

SELETIVIDADE
Ser seletivo quanto às informações e receber orientações de profissionais sérios e com reputação reconhecida é importante. Com elas, cada um de nós deve fazer a autogestão da própria alimentação. Isso é uma responsabilidade individual que não pode ser delegada e que tem grande impacto na obesidade.

ESTILO DE VIDA
Por mais que o trabalho, família e outras atividades ocupem nosso tempo, o estilo de vida é uma responsabilidade individual que também não pode ser delegada. É opção minha e sua caminhar mais, usar bike, usar escadas etc, e colocar como prioridade um horário para ir à academia pelo menos 4x na semana. Estilo de vida ativo tem grande impacto na prevenção e terapia da obesidade. Esperar por políticas públicas, melhora na educação, mudanças estruturais, em sua genética etc, sempre será atraso em sua saúde. 


Ser seletivo quanto às informações e receber orientações de profissionais sérios e com reputação reconhecida é importante
 

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