O suicida (crônica baseada em causo de Cornélio Pires)

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista liberado para todas as idades

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 26/09/2024
Horário 05:30

Aposentado como trabalhador rural e ganhando uma mixaria do INSS, seu Aniceto gostava de pescar no rio perto de sua casa para matar o tempo (pois é, tem gente que mata até o tempo e não vai em cana). Quando dava coisa de quatro horas da tarde, ele ia pro rio levando, como é óbvio, as varas de pesca e um monte de minhocas, além de outras iscas como "bolinhas" de pão.
O pescador fisgava uns lambaris, alguns cascudinhos e, de vez em quando, apanhava traíras. Os peixes iriam para a frigideira na hora do jantar. Até que Aniceto se divertia, mas um dia a situação saiu, digamos, do normal. Apareceu um sujeito que se atirou no rio para tentar se suicidar. 
O cabra não sabia nadar. Queria morrer afogado para dar adeus a este mundo cruel e cheio de ilusões. Como sabia nadar um pouquinho, o seu Aniceto entrou no rio e, com muito esforço, conseguiu salvar o homem. "Cê tá doido. Não faça mais isso", aconselhou o pescador. O sujeito foi embora.
No dia seguinte, sempre na hora da pescaria do Aniceto, o cabra fraco das ideias tentou novamente o suicídio. Mais uma vez Aniceto evitou o pior, ou seja, impediu o afogamento. As tentativas do sujeito se repetiram outras vezes e, parecendo salva-vidas, o pescador conseguia levar o homem até a margem. 
Numa tarde, enquanto pescava, seu Aniceto foi abordado por um delegado, que estava acompanhado por outros policiais. O homem foi encontrado morto pendurado em uma árvore.  
"Por que o senhor não salvou o homem, impedindo o suicídio como fez outras vezes?", indagou o delegado.
"Desta vez não vi ele entrar no rio", contou Aniceto. E arrematou: "Agora, que o "sinhô" me avisou, acho que ele conseguiu sair do rio e se pendurou na árvore para secar a roupa".

DROPS

Quem bate? É a prima Vera, a quente.

Para que serve a ONU? Deveria servir para evitar guerras.

Certos cantores não deveriam ser presos. Deveriam ser proibidos de cantar.

O mundo é um moinho.
(Cartola, compositor)

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