Das certezas que tenho, aos 36 anos, é que nenhum 25 de dezembro passou sem comemoração na minha família. Na árvore de Natal produzida com um galho seco e decorada com algodão, bolas de vidro fino, bonecos de neve e papais noéis feitos de isopor à mão, o anúncio de dias felizes em uma infância regada de brincadeiras, pé no chão de terra e a reunião dos primos de outras cidades para a grande festa do nascimento de Cristo.
Ah, o Natal! Quantos sentimentos bons me traz. Gente reunida em volta de uma mesa simples, mas farta, agradecimentos, orações, troca de presentes e um clima de magia, sonhos, carinho, abraços, beijos, toque físico. Gestos que, muitas vezes, por todo o ano não pareciam tão presentes quanto naquela data. E que tão logo se repetiriam no réveillon.
Assim, aguardava ansiosamente pelo Natal, pelo Papai Noel que de um jeito ou outro dava conta de colocar os presentes sobre a árvore sem que eu e minhas irmãs percebêssemos sua passagem por lá. E estas memórias afetivas não me fizeram titubear para repetir todo processo já no primeiro ano após deixar a casa dos meus pais. Ainda que não tivesse criança naquela morada, lá estava ela, uma exagerada árvore de 2,10 metros, carregada de enfeites, luzes e outras decorações. Em todos os anos, o desejo de poder reproduzir tudo aquilo de bom que o Natal me trouxe, à espera daquela sala de estar ter pequenos sentados ao entorno da árvore, abrindo presentes, falando de sonhos e imergindo em fantasia.
O cenário, hoje, é uma realidade e não poupo vivências para que esta coleção de momentos contabilize incontáveis lembranças na memória e no coração de toda nossa família. O Natal nos renova para a vida, reaviva nossa fé, nossa esperança na humanidade, nos permite refletir com evidência e gratidão o quanto somos felizes todos os dias, por tudo que temos e somos.
Eu tenho a chance de materializar a cerne do Natal em cada um dos 365 dias do ano. E, neste tempo, fazer com que meus filhos entendam que correr, brincar, dançar, pular, cozinhar, dialogar, orar... não nos é entregue com etiquetas comerciais, ao mesmo tempo em que Papai Noel não troca bom comportamento por bem material, mas nos dá a chance de avaliarmos nosso merecimento na busca de nos tornarmos seres humanos cada dia melhores.
Ser presente é nosso maior presente. Abraçar mais, olhar na alma e alimentar o nosso e o próximo com verdades, realidades, deixando marcas, traços pelo caminho, provas reais da nossa existência e cientes que nossa maior conexão é com a vida. Eu não sei o que você vai ganhar de Natal, mas se pudesse garantir-lhe uma certeza diria que, quando o amor é fio condutor da conexão pais e filhos, o renascimento, tão presente em 25 de dezembro, é realidade todos os dias. Feliz Natal!