Viver o presente do presente é um presente para nós mesmos. Você está presente nas cenas das experiências de vida no seu dia a dia com seus familiares? Wilfred Bion, um psicanalista britânico, escreveu um livro chamado “Aprender da experiência”. Nesse livro, entendemos que aprender com a experiência emocional é essencial. Como assim, aprender com as experiências emocionais?
Um rapaz conversando comigo, relatou seu desespero, pois se tornará pai em breve, e não tem a menor ideia do que fazer ou como ser quando esse filho nascer. Existe uma cartilha ou livro explicando como tornar-se ou vir a ser mãe ou pai? Sim, existe, mas tem certeza de que, ao devorar o livro antes do bebê nascer, tornará um pai ou mãe perfeitos? Penso que não, poderá sim, orientar sobre alguns aspectos, mas nada como aprender com a experiência emocional no presente do presente.
Quando o filho nascer e assim, no dia a dia em que os contatos forem sendo gradativamente aumentando, ou seja, houver a presença da intimidade, nos tornaremos parcialmente, pais ou mães. O que faz uma mãe tornar-se mãe? A presença do bebê desde a sua concepção. As suas experiências emocionais vivenciadas no contato com ela. Não há fórmula, como na matemática. A mãe precisará estar presente nesse tempo presente da criança, de corpo e alma. Evidente que não será algo simples. Quem realmente transformará a mãe em mãe será a presença do bebê. Quem transformará o bebê em bebê é a mãe, possível. É mergulhar num desconhecido, na dúvida e incerteza. Não há verdades absolutas. Assim, será com o pai. A presença viva de ambos é primordial.
Há o presente do passado, o presente do futuro e o presente do presente. Uma presença viva, memórias vivas. O bebê internalizará ou não o presente do presente dos pais. Enfim, toda mãe tem internalizado ou introjetado uma mãe em seu mundo objetal interno. Se essa mãe internalizada, em nenhum momento esteve presente no presente, como será o presente do passado dessa criança e o presente do futuro? Filosoficamente, o tempo subjetivo que caracteriza cada um de nós, a sua maneira, poderá ser de alienação, automatismo, concretude, narcisismo, indiferença, ressentimento, impulsividade etc. Finalizando, “tudo é temporário, a modernidade (...)-tal como os líquidos -caracteriza-se pela incapacidade de manter a forma” - Zygmunt Bauman. Como estamos vivendo o nosso tempo presente, o nosso hoje?