O poeta do luar

Persio Isaac

COLUNA - Persio Isaac

Data 19/11/2023
Horário 05:07

Em um dia abençoado pela natureza ele olhou para o céu e ficou olhando, admirando a beleza daquele magnífico azul e pensou em Constança. Ele não conseguia mais olhar a realidade com alegria e sim com olhos de tristeza. Sua amada Constança saiu do mundo com apenas 17 anos. E ele sempre pergunta por quê? 
Depois de tantos amores que viveu, ela continua sendo a única. Ele era um poeta, jornalista, promotor e chegou a juiz. Uma sensibilidade acima do normal. Gostava de ler o poeta francês Claude Baudelaire e o grande poeta brasileiro Cruz e Souza. Alphonsus Guimarães nos seus poemas falava de morte, de amores impossíveis e de solidão. 
Constança marcou sua vida profundamente e ele tinha que se adaptar ao mundo sem ela. A morte não satisfeita levou também sua filha de nome Constança que ele deu em homenagem ao seu grande amor. O poeta do simbolismo estava à mercê da sua imensa tristeza. Sua vida era uma bússola sem norte. No seu poema “Soneto” ele promove uma reflexão sobre a existência humana. Fala sobre como a vida pode ser efêmera em busca da transcendência. A morte, a religiosidade e o amor sempre nos fazem refletir profundamente sobre nossas vidas. 
Alguns versos do poema “Soneto” refletem essa realidade:
"Que saudades de amor na aurora do teu rosto!
Que horizonte de fé, no olhar tranquilo e garço!
Nunca mais me lembrei se era no mês de agosto,
Setembro, outubro, abril, maio, janeiro, ou março.
Encontrei-te. Depois... Depois tudo se some
Desfaz-se o teu olhar em nuvens de ouro e poeira.
Era o dia... Que importa o dia, um simples nome?... Com essa melancolia, Alphonsus Guimarães põe fim a sua vida aos 51 anos de idade. Foi enterrado num túmulo simples e uma cruz de madeira é colocada com a frase: "Aqui jazz o poeta do luar".

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