O menino que roubou o céu

OPINIÃO - Sandro Rogério dos Santos

Data 10/07/2022
Horário 04:30

As crianças quando vão à igreja com seus pais ficam desassossegadas grande parte do tempo. Para o universo de sua idade, tudo ali parece uma grande chatice (se bem que isso o é até para alguns adultos!). Entretanto, nalguns momentos elas se revelam atentas, desejosas, protagonistas. Quando em casa são reprimidas ou dispõem de pouco espaço, aproveitam da igreja para correr, brincar, pular. Caso encontrem outras crianças, é um Deus-nos-acuda. Nesse contexto, um momento preferencial das crianças é a hora da comunhão. Quando não são de colo, costumam acompanhar seus pais à frente e ficam com aquele olhar de quem pede e se não receber adoecerão. Pouco pode fazer o padre ou o ministro. Procuro dar alguma atenção e quanto possível indico que logo, logo, depois da catequese, poderão também receber o Corpo de Cristo.
Mas dia desses [esta crônica é de uns bons anos] uma descuidada mãe deixou a hóstia cair no chão. Tempo suficiente para o seu menino (de 5 ou 6 anos) pegar e “comungar”. Fiquei com vontade de rir. Pela displicência da mulher, também pela agilidade e esperteza da criança. Naquela hora ele fez a sua primeira eucaristia. Não tinha a catequese oficial (e quiçá não tinha muita catequese familiar). Não tinha uma turma. Não tinha fotógrafos. Não tinha roupa de festa. Apenas a sua vontade de experimentar aquele “negocinho branco” que o padre dá às pessoas grandes e como que excluí as pessoas pequenas (grande e pequeno aqui não é estatura!).
Qual anjinho lhe teria inspirado tal ação, o bom ou o mau? Não precisa de resposta. Jesus pediu que deixassem as crianças se aproximarem d’Ele. A igreja estabelece uma idade e as suas normas devem ser seguidas. Mas não se isenta que os filhos da luz atuem de modo ligeiro até nas coisas de Deus.
Não duvido de que a mulher tenha dado uma bronca no menino. Afinal, algumas pessoas viram a cena. Ela se curvou para ir ao chão pegar a hóstia. Tarde demais. O menino já tinha feito o serviço. Outro possível motivo de bronca é a vergonha porque passou. Foi ao encontro de Jesus, e não o levou em seu coração. Se tivesse coragem... ela ou pediria ao padre nova hóstia ou voltaria ao final da fila para “de novo” comungar. Aliás, prestarei atenção. Será que em nossas igrejas ninguém nunca repetiu a comunhão na mesma missa?
Fiquemos atentos. A vida litúrgico-eclesial nos inspire a santa sabedoria para alcançar o céu e o tesouro que nele nos aguarda. A salvação de nossas vidas e a alegria de nossa alma são frutos do Espírito e de uma conquista diária forjada na vivência da fé.
Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!

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