O ministro Ricardo Lewandowski publicou dia desses um artigo de opinião na seção Tendências/Debates da Folha de S.Paulo – “Eleitores brasileiros não são cordeiros diante do ataque dos lobos às urnas eletrônicas” – aplicando uma Fábula de Esopo que, na visão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), “tem muito a dizer sobre o Brasil de hoje”. Para Lewandowski, “as fábulas constituem um gênero literário, de cunho popular, disseminado de boca a boca por diferentes povos desde a mais remota antiguidade”, e ao considerar que “elas têm como personagens animais com características humanas, cujas ações refletem os defeitos e as virtudes das pessoas”, lembra, “desde a origem, foram empregadas para criticar ricos e poderosos por meio de sátiras e alegorias, culminando, usualmente, com uma frase que encerra uma lição de moral”.
A seguir, a fábula em questão: O lobo e o cordeiro. Em um pequeno córrego, bebia água um lobo faminto, quando se aproximou mais abaixo um cordeiro, que também começou a beber. Com um olhar ameaçador e dentes arreganhados, o lobo grunhiu: “Como você ousa turvar a água onde bebo?”. O cordeiro, humildemente, redarguiu. “Eu estou abaixo da correnteza e, por isso, não poderia sujar a sua água.” O lobo, enraivecido, rosnou. “Seja como for, sei que você andou falando mal de mim no ano passado.” O cordeiro, tremendo de medo, retrucou: “Não é possível, no ano passado, eu ainda não tinha nascido". O lobo, pego de surpresa, replicou. “Se não foi você, foi seu irmão, o que dá no mesmo.” Apavorado, o cordeiro defendeu-se, mais uma vez, retorquindo: “Eu não tenho irmão, sou filho único”. Já salivando, o lobo rezingou: “Então, foi alguém que você conhece, um outro cordeiro, um pastor ou um dos cães que cuidam do rebanho”. E, saltando sobre ele, devorou-o. Moral da história: quem pretende usar a força não se sensibiliza com nenhum argumento.
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Quiçá para amenizar um pouco a angústia diante de tudo e tanto, uma citação de Rainer Maria Rilke: “O senhor é tão jovem, tem diante de si todo começo, e eu gostaria de lhe pedir da melhor maneira que posso, meu caro, para ter paciência em relação a tudo que não está resolvido em seu coração. Peço-lhe que tente ter amor pelas próprias perguntas, como quartos fechados e como livros escritos em uma língua estrangeira. Não investigue agora as respostas que não lhe podem ser dadas, porque não poderia vivê-las. E é disto que se trata, de viver tudo. Viva agora as perguntas. Talvez passe, gradativamente, em um belo dia, sem perceber, a viver as respostas”.
Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!