O avanço da tecnologia tem transformado diversos setores da nossa sociedade, trazendo benefícios e facilidades para muitos. No entanto, quando se trata do campo, a conectividade ainda é um desafio a ser superado. A falta de acesso à internet nas áreas rurais do país representa um obstáculo para o desenvolvimento agrícola e social em várias regiões.
De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 40% das propriedades rurais brasileiras ainda não possuem acesso à internet. Essa discrepância entre o campo e a cidade reflete as desigualdades sociais e econômicas que permeiam o país. A falta de infraestrutura nas áreas rurais, como a ausência de cabos de fibra ótica e torres de transmissão, é, sem dúvida, um grande obstáculo a ser superado.
Uma das razões para essa diferença marcante reside na própria estrutura do mercado agropecuário brasileiro. No país, existem duas dinâmicas principais de produção: aquelas de empreendimentos de baixo rendimento e aquelas que estão inseridas no mercado global. Dos 5 milhões de estabelecimentos agropecuários no Brasil, três milhões, ou seja, 60%, tendem a enfrentar dificuldades em termos de produtividade.
Por outro lado, apenas 1% das propriedades rurais está inserida na dinâmica global, caracterizada por ganhos significativos de produtividade, aumento de escala e a incorporação de tecnologia de última geração. Esses grandes proprietários de terra têm acesso a recursos tecnológicos de ponta, incluindo sistemas de monitoramento por satélite, máquinas agrícolas altamente automatizadas e sistemas de gestão digital. Os pequenos e médios produtores enfrentam dificuldades para adotarem essas tecnologias, devido ao elevado investimento inicial e a complexidade técnica. Daí, surge o importante papel do poder público como facilitador da democratização da internet rural.
Considerando que 80% dos estabelecimentos rurais são propriedades de agricultura familiar e que pelo menos 44% da área rural brasileira é de produtores médios e pequenos, é fundamental democratizar a conectividade e o acesso a tecnologias digitais para que efetivamente seja possível atender ao desafio de produzir cada vez mais. Assim será possível atender ao crescimento exponencial por alimentos que se apresenta, de maneira mais sustentável, preservando recursos naturais e aumentando a qualidade de vida de toda a população rural brasileira.
A democratização da conectividade no campo é uma questão complexa, mas que não pode ser ignorada. É preciso enxergar a tecnologia como uma aliada do desenvolvimento no campo, promovendo a inclusão digital e social das comunidades rurais. Somente dessa forma será possível reduzir as desigualdades e impulsionar o progresso do setor agrícola em todo o país. A hora de agir é agora.