Perto das oito horas da noite de sábado de carnaval cheguei ao Parque do Povo. Fui convidado pelo querido amigo Fornalha, eterno presidente da Escola de Samba Independente da Zona Leste, a dirigir a famosa bateria de sua amada escola, conhecida como a "Fúria". Seus ritmistas são feras e sempre me recebem com muito respeito e carinho.
O palco armado, o povo chegando e confesso que fiquei emocionado sentindo o clima descontraído de carnaval. Não tenho mais 20 anos. Na minha juventude, vivi a época de ouro dos carnavais de salão do Tênis Clube. Quantos risos e muitas alegrias com mil palhaços no salão. Quem já não foi um Pierrot apaixonado que vivia só cantando por causa de uma columbina e acabou chorando? "Vou beijar-te agora/ Não me leve a mal/ Hoje é a carnaval"... “Máscara Negra”, do compositor Zé Keti, representa o puro romantismo dos carnavais de outrora.
Os desfiles das escolas de samba na avenida eram divinos. Os Malacos do Tênis participando sempre junto com as escolas coirmãs. A saudade sempre abre um caminho para voltar. Fornalha me presenteou com um chapéu de sambista. O chapéu na cabeça de um sambista transcende a mera função de acessório, carregando consigo um rico simbolismo que se entrelaça com a história e a identidade do samba.
No plano simbólico, o chapéu está intimamente ligado à figura do malandro, um personagem icônico do samba que personifica a astúcia, a irreverência e a ginga. O chapéu do malandro é um símbolo de sua esperteza e habilidade em lidar com os desafios da vida.
Além dos aspectos culturais e de estilo, o chapéu também pode ter um significado espiritual para alguns sambistas. Para alguns, o chapéu representa uma conexão com seus ancestrais e com as tradições do samba.
Em resumo, o chapéu na cabeça de um sambista é muito mais do que um simples acessório. É um símbolo de proteção, identidade, estilo, malandragem e espiritualidade, que reflete a riqueza e a diversidade da cultura do samba.
Com todo esse simbolismo cultural, coloquei o chapéu respeitando suas tradições e fui dirigir a "Fúria". Chora Cavaco... Vem cantar/ a doce melodia/ despertar/ a criança que você foi um dia/ Vem sonhar/ e me encontrar no picadeiro da vida/ seja você um mágico/ um acrobata/ ou um equilibrista/ quero ser o palhaço/ e rir do fracasso/ quero ser feliz"...
Papáparakatábumbum
Obrigado bateria!