2020 era o ano da mudança. E foi! Comecei janeiro me desligando do trabalho após um longo período de casa. Passamos uma boa parte do mês de férias em João Pessoa, na Paraíba, e então, a notícia da pandemia de coronavírus nos surpreendeu no retorno para casa.
Voltamos, retomamos a rotina com as crianças até que a quarentena foi instalada. Já acostumado em cuidar dos meus filhos, João Guilherme (8 anos) e João Rafael (3 anos), uma boa parte do dia desde que nasceram, não senti aquele impacto que muitos pais relataram com as crianças ininterruptamente em casa.
É claro! Em alguns dias, a falta do silêncio, tão necessário para minha reorganização mental, me levava para dentro do banheiro para respirar, mesmo que mãos pequenininhas batiam à porta! Era hora de voltar!
Não caí no pânico, sobretudo quanto à necessidade de harmonizar tudo isso, ainda carregado da preocupação com o novo coronavírus. Não era hora de impor. O momento pediu conscientização e muita conversa. Na quarentena, para garantir o alinhamento de rotina, estabelecemos horários e funções aos membros da casa para o equilíbrio do lar.
Aproveitar esta aproximação imposta pela quarentena foi uma oportunidade para reforçar o diálogo, valores e ainda estabelecer um planejamento para que as crianças entendessem regras e que o tempo não era férias. Talvez este foi um dos maiores desafios frente às aulas on-line.
Há quanto tempo não tínhamos tanto tempo só pra nós! E, no simples ato de ficar em casa, encontramos a chance de fazer o bem a nós mesmos e ao outro! Nos permitimos sentir saudade de voltar à rotina, de ver os familiares, de estar no trabalho, com os amigos, de cansar de ficar em casa ou mesmo não ser positivo o tempo todo...
Sair da rotina requereu um novo planejamento para que as atividades laborais continuassem sendo executadas, em casa. E haja jogo de cintura também para ocupar o tempo das crianças. Jogos, pinturas, desenhos, leitura coletiva, brincadeiras de antigamente e atividades manuais ganharam ainda mais vida aqui no quintal. Permitimos que transformassem o ócio em criatividade, desenvolvimento e autonomia.
O tempo foi para nos desacelerar, ainda nos traz uma série de preocupações, de saúde e econômica, sobretudo, mas não pode nos tirar a esperança de viver o Hoje (com H maiúsculo) como ele merece. Eu e minha esposa Dayane começamos os tempos de pandemia com dois filhos e vamos terminá-los com três. Maria Vitória está a caminho, prevista para janeiro de 2021. Esse é o meu saldo de um ano vitorioso, pois o amanhã ainda não nos pertence, mas a esperança de vivê-lo ainda melhor, em todos os próximos dias de nossas vidas, é o que nos motiva a seguirmos firmes e felizes.