O aluno é um avaliador do mundo quando amadurecido para buscar soluções

OPINIÃO - Paula Carneiro

Data 28/05/2024
Horário 05:00

Uma das metas educacionais do século 21 é que o aluno seja capaz de exercer, através de seu conhecimento, sua capacidade de escolher entre diferentes opções possíveis para resolver um problema. Assim, a formação ética torna-se um requisito central para a formação do cidadão. Formar um cidadão com responsabilidade implica em aprender e aceitar que temos uma história comum, valores comuns e um destino comum.
Para atingirmos essa meta educacional, precisamos levar em consideração e reavaliar alguns pontos, já que herdamos um processo educativo, onde os modelos pedagógicos e epistemológicos que estavam centrados na fala do professor, o que para Becker é denominado de pedagogia diretiva. O professor acredita que seu conhecimento pode ser transmitido para o aluno e essa é também uma visão empírica do conhecimento.
Esse comportamento nos retrata ao final da idade média, quando o modelo educativo idealizado pelos jesuítas se transforma em referência pedagógica. Eram aulas cujos objetivos eram manter a ordem da sala de aula e modelar a moral do estudante. Mas, como podemos formar um cidadão para atuar no século 21 e assim atingir a meta educacional desse século?
Precisamos ressignificar o processo de construção de conceitos pelo sujeito aprendente. Para Becker, em uma pedagogia não diretiva, o professor deve estar aberto ao diálogo em sala de aula, ao confronto de ideias, a criar situações que valorizem as experiências de alunos e os aproximem da realidade dando um verdadeiro significado à aprendizagem. 
Uma notícia de jornal, um filme, um clipe, podem ser os desencadeadores de ideias para contribuição com o processo de aprendizagem. O aluno precisa antes de tudo ser desafiado e por isso, somente atividades práticas e equivalentes a sua realidade é que o levará a construir pontes, que o obrigará a envolver-se em um esforço de compreensão e atuação.
O grande educador Paulo Freire compreendeu que a teoria é inútil sem a prática e, segundo ele, "ninguém educa ninguém. As pessoas se educam entre si, mediatizadas pelo mundo". Paulo Freire criou a pedagogia voltada para o diálogo, nos ensinou que temos que aprender com as experiências concretas em seu grande projeto "Formar para transformar".
Sendo assim, a meta educacional do nosso século é levar o indivíduo a produzir conhecimento, desenvolver valores e atitudes sendo o professor o grande transformador dessa diretiva, pois é ele quem conduz com sua epistemologia a grande nave para o nosso planeta.
Para Morin, somos cidadãos planetários e a educação do futuro deve ter como prioridades saberes que deverão estimular os educadores a "saírem do armário" e irem à luta para que as próximas gerações tenham garantia de um mundo belo e sustentável.

Vale, Maria José. Paulo Freire, educar para transformar: almanaque histórico. São Paulo: Mercado Cultural, 2005.
Morin, E. (2000). Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2ª ed., São Paulo: Cortez, Brasília, DF: Unesco, 2000.
 

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