Já está valendo o novo valor do salário mínimo brasileiro que passou de R$ 788 para R$ 880. O aumento de R$ 92 representa um reajuste de 11,67%. A decisão foi anunciada na terça-feira, com a assinatura do decreto que estipula a mudança, assinado pela presidente Dilma Rousseff (PT). Entre os trabalhadores, as opiniões se divergem: há quem considera alta positiva e os que acreditam que o aumento "não faz muita diferença", já que houve vários reajustes de outras contas mensais. Outros temem que no atual momento da economia brasileira, o reajuste pode causar até demissões.
De acordo com economista Eder Canziani, o aumento tem que ser analisado por alguns aspectos. Ele ressalta que é lógico que para quem recebe um salário mínimo, o acréscimo contribui. Porém, no atual cenário financeiro nacional, que ocasionou inúmeros reajustes das contas, aumentando as despesas mensais das famílias, as pessoas continuarão gastando menos e mais inseguras na hora de comprar algo.
Além disso, o economista expõe que quem vai pagar este aumento são os empregadores e, perante um começo de ano "sem muitas expectativas de melhoras na economia", as empresas podem demitir mais trabalhadores, por não conseguir manter os pagamentos. Ele frisa que se o país tivesse em um ambiente financeiro favorável, o acréscimo "seria bom", mas, na situação em que se encontra, ficará mais difícil para as empresas arcarem com os vencimentos dos trabalhadores.
Para o especialista, o governo deve projetar ações que estimulem o comércio, adotar políticas econômicas e sociais que mudem e impulsionem a economia. "Não se pode apenas determinar o aumento do salário, mas sim promover iniciativas para o giro financeiro", analisa.
Sincomércio
Para o presidente do Sincomércio (Sindicato do Comércio Varejista de Presidente Prudente), Vitalino Crellis, o aumento "ajuda um pouco quem recebe apenas um salário mínimo". Ele também acredita que devem ocorrer demissões no início do ano, mas não ocasionadas, necessariamente, pelo reajuste, e sim por outros fatores que envolvem a crise financeira. Vitalino menciona que o principal problema é a falta de credibilidade no cenário econômico do Brasil. "Faltam incentivos para a indústria e o comércio", considera.
Opinião
Para o aposentado Ataíde Neles da Silva, 70 anos, passar o salário de R$ 788 para R$ 880 "é algo positivo". Isso porque, segundo ele, "ajuda o trabalhador a pagar alguma conta". Já o motorista Pedro Tavares Gutierrez, 63 anos, acredita que o reajuste "não resolve muito", pois todas as contas aumentaram e, com isso, também majoraram as despesas mensais da população. "Os salários dos políticos e os impostos deveriam baixar", frisa. Ele também acredita que vai ficar mais complicado para as empresas quitarem os salários e, com isso, "pode haver demissões".