O exercício formal da docência tem como bases a autonomia da sala de aula, a gestão da própria profissão e a articulação direta com os sistemas educacionais, comunidades e famílias. A pandemia de Covid-19 escancarou a necessidade de valorização e reconhecimento do "status" profissional dos professores, especialmente das redes de educação básica.
Um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), publicado em 2021, aponta que os maiores salários iniciais dos professores do ensino fundamental do mundo estão em países como Alemanha, Dinamarca, Canadá, destacando-se, ainda, a efetiva qualidade da educação desses países.
A Dinamarca, por exemplo, possui 99% da sua população alfabetizada, além de programas de formação docente em escolas especializadas. Obviamente as estratégias de valorização docente refletem em sociedades com maior equilíbrio em seu bem estar social.
Buscando aprimorar os índices de bem estar social e elevar os índices educacionais, a Seduc-SP (Secretaria de Educação do Estado de São Paulo) anunciou neste ano um piso salarial de R$ 5 mil para a carreira docente, com vigência para o segundo semestre. Reconhecimento mais do que merecido. Espera-se que com esta deliberação, haja o fortalecimento da formação inicial nas licenciaturas e consequentemente da autonomia profissional de natureza cognitiva, afetiva e prática.
Para isso, os cursos de licenciatura já têm se reconfigurado no sentido de abarcar essas mudanças. De acordo com os estudantes matriculados em um curso de Pedagogia de Presidente Prudente, em que 90% declaram-se totalmente satisfeitos, os conteúdos e metodologias que levam a uma aproximação com a prática fortalecem o seu bem estar e a estruturação da sua identidade docente.
Além disso, os índices de inserção desses estudantes nas escolas por meio dos estágios remunerados, em que a média mensal de contrato é de mil reais, passa dos 95%. Isso significa que, ao passo em que a família e o estudante investem na sua formação inicial, o retorno financeiro já começa a aparecer nos primeiros anos de formação. Estando no contexto escolar, as chances de que, ao finalizar o curso de graduação, esse então professor inicie a sua carreira com um piso salarial mensal no mínimo dez vezes maior do que o investimento mensal para a sua formação é mais do que real.
Ou seja, finalmente podemos vislumbrar na profissão docente uma remuneração digna, igualando-se ou superando outras profissões consideradas bem remuneradas, como Direito, Administração, Marketing, Enfermagem. Por isso, é o momento de superarmos a evasão profissional docente.
Um passo importante é o aumento do piso salarial, seguido por programas de formação coerentes, excelentes e práticos. Outro passo, urgente, é que as famílias depositem crédito no incentivo e formação dos seus jovens nas licenciaturas. É hora de nossa sociedade mobilizar-se em prol da ampliação da qualidade da educação do nosso entorno!