Recentemente, o presidente eleito dos Estados Unidos assinou uma ordem executiva para permitir que americanos voltem a usar canudos de plástico em larga escala, revogando uma medida de seu antecessor que aplicou metas de redução do uso de plástico no país. Essa foi apenas uma das medidas adotadas contra a proteção do ambiente pelo presidente americano, pois logo no primeiro dia do seu mandato, ele retirou, mais uma vez, os EUA do Acordo de Paris.
Durante sua campanha também defendeu a exploração de petróleo e gás por perfuração, sabidamente uma técnica perigosa para o meio ambiente. Não vem sendo diferente aqui no Sul pobre, onde o presidente brasileiro pressiona o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para autorizar a pesquisa de petróleo na Foz do Amazonas. Claro que depois virá a pressão para explorar o petróleo nessa área becologicamente sensível. Isso sem contar a falta de investimentos para combater os incêndios florestais, que tomaram conta do país pouco tempo atrás.
Todo esforço do setor privado no sentido de se buscar caminhos alternativos para evitar a queima de combustíveis fósseis, a exemplo do que ocorre com o álcool, biogás, biometano, energia solar, etc., parece estar indo contra a real vontade do governo brasileiro, que insiste no petróleo como principal produtor da energia que move o país, e sabidamente responsável pela emissão de enormes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera, um dos principais responsáveis pelas mudanças climáticas.
Voltando à questão do plástico, ou mais especificamente à questão do microplástico, de tão pequenos, não conseguimos ver a olho nu, mas essas partículas estão presentes em todos os lugares, nos legumes e frutas comprados na quitanda ou nos produtos industrializados vendidos nos mercados, inclusive no chá, no leite, na água e até na cerveja. Também no solo, nas águas dos rios e mares e no ar.
O impacto dos microplásticos e nanoplásticos nos órgãos humanos (cérebro, coração, pulmões, fígado, intestinos, sistema reprodutivo e rins) é nocivo à saúde humana e igualmente aos ecossistemas.
Estudos revelaram que as principais fontes desses poluentes são duas: os plásticos produzidos com pequenas dimensões, que são usados em cosméticos e tintas, por exemplo; e aqueles que são resultados da degradação de peças plásticas maiores pela ação da luz, calor, umidade etc.
Para se ter uma ideia, a cada ano são lançados nos oceanos e nos ambientes terrestres cerca de 12,7 milhões de toneladas de microplásticos, sendo a maior parte oriundas de tintas, pneus e pellets plásticos.
Aliás, nem mesmo quem curte um chazinho está livre de consumir microplástico. Segundo um estudo realizado em 2019, verificou-se que um saquinho de chá mergulhado na água a 95 graus Celsius libera cerca de 11,6 bilhões de partículas de microplásticos e 3,1 bilhões de nanoplásticos por xícara. Ainda bem prefiro café.
Banir o plástico é difícil, mas substituí-lo onde é possível é uma obrigação de qualquer gestor público e também do gestor privado.