Nós mesmos nos escravizamos

OPINIÃO - Gregório José

Data 26/11/2023
Horário 04:30

Todos nós somos escravos de nós mesmos. Somos escravizados por nossos sonhos e ambições, transformamos nossa vida em caos quando desejamos algo que não podemos ter. Quando enchemos nosso estômago de baboseiras e depois ficamos meses numa academia tentando recuperar o que tínhamos e, mesmo assim, ainda seguimos nos empanturrando desenfreadamente. Somos escravos quando cobiçamos a mulher ou o homem de nosso colega de serviço ou de faculdade, escola, de rua. Essa cobiça sem sentido pelo simples fato de conquistar é uma escravidão sem fim.
Somos escravos de nosso egoísmo quando desejamos ganhar mais do que ganhamos, quando gastamos muito mais destruindo nossas finanças e, para repor, entramos no círculo vicioso dos cartões de crédito e, para continuar parecendo estarmos bem, consumimos coisas sem sentido para mostrar aos outros que podemos. Podemos o quê? Ter o nome restrito em órgãos reguladores como Serasa e SPC? A troco de quê?
Somos escravos quando teimamos em não estudar e, depois, perdemos chances em grandes empresas ou órgãos públicos porque fomos incapazes de focar nos estudos e aprender de fato.
Nos escravizamos quando deixamos que um programa de Inteligência Artificial escreva artigos, textos e teses como se fôssemos os autores, e olha que tem muito jornalista postando esses textos em redes como Instagram, LinkedIn e outros se vangloriando, mas é fácil distinguir ideias próprias de algumas inventadas sem sentido por programas como o GPT.
Pense, repense conceitos, mude atitudes. Viva dentro de suas possibilidades, não queira ser o que não é. Infelizmente, o mundo superficial e de faz de contas vale muito mais do que aquele onde íamos à biblioteca em busca de um livro e passávamos horas estudando e aprendendo. Hoje queremos facilidades para ter mais tempo. Mas, mais tempo para ficarmos olhando as vidas vazias e superficiais de pessoas que sequer conhecemos postando fotos manipuladas em programas e que não traduzem a verdadeira felicidade. O belo mostrado pode não nos pertencer, mas queremos aparecer.
Assim, ficamos cada vez mais escravos do modismo e perdemos o conteúdo, a essência, a vida verdadeira. Em troca de quê?
 

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