Narandiba registra surto de raiva em animais

REGIÃO - Estevão Salomão

Data 03/02/2016
Horário 05:51
 

Até o fim do mês de janeiro de 2016, os agentes do EDA (Escritório de Defesa Agropecuária) de Pirapozinho, que fazem parte do controle da raiva em herbívoros da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Coordenadoria de Defesa Agropecuária, constataram pelo menos 30 casos de raiva em herbívoros – animais que se alimentam de plantas -, no Reassentamento Laranjeiras, em Narandiba. Este, de acordo com os coordenadores da pasta, é o primeiro surto dos últimos 10 anos.

A proximidade da área citada com a reserva ambiental do Rio Paranapanema, de acordo com o médico veterinário do EDA, Roque Lamers, é o principal fator para a contaminação de bovinos, equinos e suínos – que são criados em pastos adjacentes, uma vez que abrigos naturais são formados para a criação e desenvolvimento do morcego Desmodus rotundus – transmissor da doença. Apesar de uma ameaça à saúde pública, Roque garante que os casos estão "controlados", e que, apesar do risco, nenhum ser humano foi contaminado pela doença.

Para total contenção de ocorrências, os agentes do EDA iniciaram na manhã de ontem, e seguem até sexta-feira, com uma força-tarefa em toda extensão do perifoco, que compreende toda região delimitada em um raio de 10 a 12 quilômetros da ocorrência. A ação constitui na captura dos morcegos em redes, bem como a aplicação de base vampiricida – um produto que elimina a contaminação – em cada um dos apanhados, além do reforço nas vacinas, que, custeadas pelo próprio pecuarista, custam em média R$ 1,60, e devem ser aplicadas em uma série de três doses, intercaladas em um período de 20 a 30 dias.

Vale lembrar que a extensão do assentamento abriga hoje cerca de 700 animais, divididos entre os três mamíferos citados, que são criados para a subsistência das 100 famílias. Entre estas, o depoimento do pecuarista Lorival Aparecido Passagnoli, 46 anos, retrata a atual situação vivida pelos munícipes. Segundo ele, além da morte de cinco bezerros, uma vaca e um boi, a grande preocupação é quanto à segurança de seus parentes. "Existem morcegos no forro de casa e na mata. O medo toma conta", relata.

Considerando que a saliva do morcego contém as substâncias contaminadoras, aqueles que tiveram o contato com animais infectados deverão tomar a vacina contra a raiva, disponível nos postos de saúde do município. "O poder público, por meio de suas secretarias municipais, estão nos dando apoio", aponta Roque.

Questionado, Roque informa que os números equivalem-se ao maior registro desde 2006, haja vista que, durante os últimos 10 anos, "nenhum caso de raiva foi detectado".

Sobre uma possível endemia em nível regional, o especialista descarta a possibilidade, uma vez que, segundo ele, "as ações são realizadas de maneira localizadas, imediatamente à detecção". O veterinário acrescenta que, por se tratar de uma "patologia silenciosa", a média de aparecimento e reaparecimento pode variar de meses a anos. "Por isso é imprescindível manter os animais vacinados", chama a atenção.

 

Ação conjunta

Paralelamente a esta força-tarefa, as equipes devem permanecer de 15 a 19 de fevereiro na região do EDA de Pindamonhangaba, que tem 207 abrigos cadastrados.

 

SAIBA MAIS


CONTROLE POPULACIONAL

Como informado pelo EDA, o controle populacional do Desmodus rotundus, realizado pelo Serviço Oficial de Defesa, é um método que dever ser utilizado apenas por pessoal habilitado e imunizado, devido à necessidade de conhecimento para a identificação dos morcegos capturados e o alto risco de se contrair a doença.
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