Não nos cansemos de fazer o bem

OPINIÃO - Sandro Rogério dos Santos

Data 13/03/2022
Horário 04:30

Desde a Quarta-Feira de Cinzas (2 de março), a Igreja vive o tempo litúrgico da Quaresma que se estenderá à tarde da Quinta-Feira Santa. São “40 dias” de retiro e de caminhada para a Páscoa da Ressurreição de Jesus. A cada ano, o papa envia à Igreja uma mensagem. Em dois artigos, ela será contemplada neste espaço. Francisco reconhece que “a Quaresma é um tempo favorável de renovação pessoal e comunitária que nos conduz à Páscoa de Jesus Cristo morto e ressuscitado”. E propõe: “aproveitemos o caminho quaresmal de 2022 para refletir sobre a exortação de Paulo aos Gálatas 6,9-10a: “Não desanimemos na prática do bem, pois, se não desfalecermos, a seu tempo colheremos. Por conseguinte, enquanto temos tempo, pratiquemos o bem para com todos” (Bíblia de Jerusalém).
Na Carta aos Gálatas, São Paulo evoca a sementeira e a colheita (uma imagem cara também a Jesus). O apóstolo fala de um Kairós, isto é, de um tempo oportuno/propício para semear o bem em vista da colheita. Tempo favorável é a Quaresma e ao mesmo tempo nossa inteira existência terrena. A Quaresma convida à conversão, a mudar de mentalidade, para que a vida encontre a sua beleza no doar, não no possuir, no semear e partilhar o bem, não no acumular.
Somos chamados a acolher o dom de Deus (o primeiro agricultor), acolhendo a sua Palavra (viva e eficaz). A escuta assídua dessa Palavra nos amadurece a uma pronta docilidade à sua ação que torna fecunda a nossa vida. Ele também nos chama a ser “cooperadores de Deus”, aproveitando o tempo presente para também nós semearmos, praticando o bem. E a colheita? “Quem pouco semeia, também pouco colherá; quem semeia com generosidade, com generosidade colherá” (2 Cor 9,6). Um primeiro fruto do bem semeado está em nós e em nossas relações diárias: os gestos mais insignificantes de bondade. Em Deus, nenhum ato de amor, por menor que seja e nenhuma das nossas “generosas fadigas”, se perde.
Só nos é concedido ver uma pequena parte do fruto daquilo que semeamos (um é o que semeia, outro o que colhe). Participamos da magnanimidade de Deus quando semeamos para o bem do próximo. Assim somos libertados das lógicas mesquinhas do lucro pessoal e respiramos o ar da gratuidade nas ações... Mas a colheita verdadeiramente autêntica é a escatológica, a do último dia. Perfeito é o ‘fruto em ordem à vida eterna’ (Jo 4,36), que será nosso “tesouro no céu” (Lc 18,22; cf. 12,33). Jesus é a semente que morre para ressuscitar. Eis a grande luz que o ressuscitado traz ao mundo.
Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!
 

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