“Além do feedback da atuação, o que mais me impactou foi perceber que muitas pessoas estavam tendo acesso a esse tipo de arte pela primeira vez”. A afirmação é da atriz, cantora e produtora musical, Cintia Férsi, que esteve à frente do musical "Um Sonho de Mamma Mia”, que encerrou a temporada após 16 sessões na região. Mesmo diante da pandemia e com público reduzido, tamanha a procura para assistir ao espetáculo, que houve até mesmo lista de espera.
O projeto passou por Osvaldo Cruz, Adamantina e Presidente Prudente, entre os dias 18 de novembro e 12 de dezembro.
Baseado no filme “Mamma Mia!”, em que 11 artistas se empenham para conseguir viver um musical na Broadway, a produção trouxe em cena a personagem Donna Sheridan (Cintia Férsi), proprietária de um hotel nas ilhas gregas que, na companhia de duas amigas, prepara o casamento da filha Solphie Sheridan (Tuane Toledo). Mas, ela é surpreendida com a notícia de que a noiva convidou seus três ex-namorados para a festa, na esperança de conhecer o verdadeiro pai. Aos embalos de sucessos do grupo Abba, a peça foi marcada por muita música, com direito à banda ao vivo.
“A vivência desse tipo de cultura, a do teatro musical, é o que vai possibilitar outras montagens a terem plateias cheias como as nossas, além de quem assiste ser influenciado para o mundo do teatro”, explica a produtora. E foi sendo parte da plateia que brotou “a sementinha” para que Cintia despertasse o desejo de construir um musical na região. “Sempre fui apaixonada por teatro musical, e tive vontade de trazê-lo para a alta paulista. Há dez anos, assisti à montagem [do ‘Mamma Mia’] em São Pauloe fiquei encantada”, afirma.
Aluna do professor Marconi Araújo, que prepara vozes de diversos artistas, como Cláudia Raia e Jarbas Homem de Melo, passou por capacitação para preparo de vozes e se especializou na técnica. Com a experiência, em 2015 produziu o primeiro teatro musical em Osvaldo Cruz, uma montagem simples, mas que conquistou o público. Já em 2016, Cintia e mais dois colegas foram selecionados para uma montagem da “Broadley Brasil”, em Fortaleza (CE), onde passou por um curso e depois montagem de teatro musical. Dos 50 artistas, apenas o trio representou São Paulo.
Evandro Mandu - Cintia (ao centro) interpretou a personagem Donna Sheridan
Mas foi em 2017 que a osvaldocruzense deu novamente um passo nos trabalhos locais, quando teve o currículo aprovado no ProAc (Programa de Ação Cultural), que permitiu a inscrição do projeto “Sonho de um ser sonhador”. Patrocinado por duas empresas, o projeto deu vida ao musical “Um Sonho de Mamma Mia”.
Os ensaios começaram em dezembro do ano passado, mas, com a pandemia, foi preciso reinventar. “Para não deixar esfriar o texto, passamos a ensaiar a interpretação pela plataforma digital, só não a montagem de cena”, explica.
Mais de 90% do elenco é formado por cantores profissionais, sendo poucos os atores. Diante disso, passaram por capacitação com o diretor Marcos Andrade, e a coreografia com Renata Fernandes. “Todos tiveram que desenvolver três linhas da arte: a dança, o canto e a interpretação”, salienta Cintia. Além do elenco – em sua maioria composta por alunos de Cintia, na Casa de Artes Elis, músicos, que também são professores, passaram por uma temporada de ensaios para que houvesse o “casamento” entre canções e interpretações.
Quem perdeu “Um Sonho de Mamma Mia” pode aguardar as novidades. “A gente pretende fazer mais inscrições de projetos”, afirma. “Já que é para trabalhar com essa propagação do que é o teatro musical, que seja com músicas que já estejam no inconsciente da plateia”, considera.
Evandro Mandu - Cantores profissionais foram preparados com aulas de interpretação e dança