O Pronto-Atendimento Municipal de Pirapozinho se tornou o pivô de um impasse entre o Executivo da cidade e as prefeituras de Tarabai, Narandiba, Sandovalina e Estrela do Norte. Tanto que os prefeitos de Narandiba e Sandovalina desautorizaram que as ambulâncias dos municípios levem pacientes para a unidade. Tudo porque, o prefeito Orlando Padovan (DEM) alega que a quantidade de atendimentos realizados no local envolvendo cidadãos dos municípios vizinhos tem onerado os cofres públicos da cidade. Sendo assim, o gestor pretendia uma contrapartida das cidades, já que não teria condições de arcar com o custo total.
O assunto foi tratado em uma reunião realizada nesta semana, entre representantes das cinco cidades com o diretor do DRS-11 (Departamento Regional de Saúde), Jorge Yochinobu Chihara. Na ocasião, conforme informações da Assessoria de Imprensa de Pirapozinho, ficou acertado que cada Prefeitura irá arcar com suas próprias responsabilidades acerca dos atendimentos de saúde básica.
De acordo com cálculos do poder público pirapozense, no período entre outubro de 2015 e fevereiro de 2016, o pronto-atendimento da cidade atendeu 891 pacientes vindos dos quatro municípios vizinhos. A cidade que mais encaminhou pacientes para a unidade foi Tarabai, com um total de 555 pessoas. Narandiba veio logo em seguida, com 206 atendimentos. Enquanto Estrela do Norte e Sandovalina encaminharam 100 e 30 pacientes, respectivamente.
A movimentação de pessoas de outras cidades no Pronto-Atendimento Municipal tem gerado uma sobrecarga no número de atendimentos, além de significar um peso extra no bolso do Executivo pirapozense. Já que, segundo a Prefeitura, "a quantidade de atendimentos que o local vem realizando para os municípios circunvizinhos, sem ajuda de custo, onera os cofres públicos", afirma. Contudo, ainda assim, o Executivo diz que não vai deixar de atender casos de urgência de outras cidades, tampouco negar socorro em situações emergenciais.
Proibição
Sem uma unidade de atendimento 24 horas no município, o prefeito de Narandiba, Ênio Magro (PSDB), reconhece que a cidade tem uma grande demanda de pacientes que se deslocam até Pirapozinho em busca de atendimento médico, mas diz que sempre pagou pelos procedimentos prestados pela cidade. No entanto, o gestor diz que a maioria desses pacientes não utiliza as ambulâncias da cidade, mas seus veículos particulares.
Com relação às ambulâncias, Ênio Magro cita que fará uma determinação para que os motoristas não levem pacientes para o pronto-atendimento de Pirapozinho. "Não é uma recomendação nossa que os pacientes sejam levados a Pirapozinho. Nunca foi, então, agora vamos formalizar e proibir que isso aconteça. Mas não tenho como impedir que as pessoas se desloquem com seus carros particulares", salienta.
Em Sandovalina a determinação foi parecida. De acordo com o prefeito Marcos Roberto Sanfelici (PSDB), se as ambulâncias do município estavam levando pacientes até Pirapozinho, "deixarão de fazer isso". Pois, segundo ele, a deliberação é para que os veículos encaminhem os pacientes até o Hospital Regional (HR) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, em Presidente Prudente. "As ambulâncias de Sandovalina não entram em Pirapozinho, nossa referência é o Hospital Regional. O que pode estar acontecendo é o cidadão ir de carro, mas isso não tem como controlar", relata.
Sobrecarga
A defensiva de Pirapozinho frente aos atendimentos referentes às cidades vizinhas abre o precedente para outro problema que aflige a saúde na região de Prudente. A sobrecarga na demanda de pacientes encaminhados ao Hospital Regional, quando muitas vezes poderiam ser atendidos nas unidades de saúde municipais. Como noticiado recentemente por
O Imparcial, o DRS-11 está estudando restringir o sistema de funcionamento do pronto-socorro do local, que poderá atender apenas os casos mais graves ou gravíssimos levados pelos serviços de resgate ou encaminhados por outras unidades de saúde.
Com isso, cidades como Tarabai, Narandiba, Sandovalina e Estrela do Norte, que não contam com unidades de atendimento 24 horas, ficariam desatendidas de um pronto-socorro para atendimentos de menor gravidade, mas que necessitam de respaldo. "Deixando de ser atendidos em Pirapozinho, os pacientes dessas cidades ajudam a sufocar ainda mais o serviço do HR, que não tem o perfil de urgência básica", considera Jorge Chihara, do DRS-11.
Sendo assim, uma saída para as quatro cidades seria a união para viabilizar uma unidade comum 24 horas. Ação que já vem sendo discutida, segundo o diretor do DRS-11. "Tarabai, Narandiba, Sandovalina e Estrela do Norte esperam montar um serviço de atendimento 24 horas, que deve ser instalado em Tarabai ou Narandiba, mas sem data prevista para começar a funcionar", revela o diretor.