Conhecida como doença celíaca, a intolerância ao glúten é uma doença do intestino delgado que atinge pessoas geneticamente predispostas, desencadeada pela ingestão de alimentos que contêm glúten. Segundo o endocrinologista André Camara de Oliveira, trata-se de uma substância encontrada em alimentos que possuem trigo, centeio ou cevada, como por exemplo, pão e cerveja. "A doença celíaca também é conhecida por outros nomes, como ‘enteropatia sensível ao glúten’ e ‘espru não tropical’. Ela é pouco diagnosticada, atinge 0,3 até 1% da população, com predomínio em mulheres", afirma.
Lei obriga indicação do glúten nas embalagens dos produtos
Os sintomas, conforme o especialista, são diarreia de causa indeterminada, dor abdominal, fadiga, perda de peso e até mesmo anemia refratária ao tratamento, osteoporose e infertilidade. "Essa doença pode também ser pouco sintomática", explica.
Diagnóstico
Segundo Oliveira, a patologia pode ser detectada pelos sintomas clínicos e/ou exame de sangue, confirmado através de colonoscopia com biópsia. "A pessoa que nasce com uma predisposição genética pode desenvolver a doença caso ingira alimentos que contêm glúten", relata. Por isso, a dica do endocrinologista é ficar atento aos sinais, principalmente, se já houver casos na família. "Recomendo que a pessoa dê atenção aos sintomas e que procure um médico especialista", realça.
Tratamento
A principal forma de tratamento, de acordo com ele, é uma dieta regrada. "O paciente precisa ter uma alimentação 100% livre de glúten. É importante seguir orientação com nutricionista e tomar cuidado para evitar contaminação cruzada, que acontece quando existe a mistura de um alimento sem glúten junto com outro com glúten", aconselha Oliveira.
Alimentação
Conforme a nutricionista
Danielle Miyuki
Muramatso, glúten é a principal proteína presente no trigo aveia, centeio e cevada e nos subprodutos como malte, gérmen, entre outros. "As pessoas com intolerância devem evitar esses alimentos", recomenda a nutricionista.
A profissional reforça que os sintomas são incômodos quando aparentes e podem ocasionar distensão abdominal (gases), diarreia crônica, perda de gordura nas fezes e desnutrição. "São comuns também perda de peso, vômitos, constipação intestinal, irritabilidade, depressão, anorexia, baixa estatura, câimbras e fadiga muscular, dores nas articulações, mudança de comportamento, anemia sem causa aparente, entre outros", explana.
Uma vez diagnosticada a intolerância, o paciente não deve mais comer alimentos com a substância. A nutricionista destaca que caso a alimentação persista com o glúten, as chances do processo inflamatório se espalhar e um possível câncer aparecer aumentam. "É preciso substituir os alimentos proibidos por ingredientes ‘seguros’, como farinha de arroz, amido de milho, fubá, fécula de batata, polvilho, tapioca, trigo sarraceno , farinha de feijão branco, de grão de bico", aconselha.
Identificação
O governo sancionou, em maio de 2003, uma lei que obriga todos os alimentos industrializados a indicar em seu rótulo ou bula as inscrições "Contém glúten" ou "Não contém glúten".
Muramatso reconhece que essa lei é importante para orientar e proteger as pessoas que não podem consumir alimentos que possuam a substância. "Isso evita problemas decorrentes com o consumo desses alimentos, no entanto, algumas indústrias infelizmente desconhecem ou não se importam com o problema da contaminação e continuam vendendo seus produtos, sem uma devida análise da total inexistência de glúten", alerta a nutricionista.