Apesar de ser um assunto bem mais debatido hoje em dia, do que antigamente, com diversas campanhas realizadas durante o ano em todo o país, a doação de órgãos ainda gera inúmeras dúvidas e receio, tanto para o receptor como para o doador e/ou familiares que acompanham o processo. Como resultado, tem-se uma fila enorme de pessoas no Brasil que lutam pela vida aguardando o procedimento.
Após o transplante de coração do apresentador de televisão, Fausto Silva, o Faustão, realizado no domingo, em São Paulo (SP), não se fala em outra coisa. Muitos ficaram em dúvida sobre como funciona esta fila no Brasil, que ritmo assume, quais critérios são analisados para ter prioridade. Uma enxurrada de críticas e questionamentos surgiu nas redes sociais desde então.
A mulher do Faustão, Luciana Cardoso, chegou a publicar uma carta aberta anteontem em suas páginas, para se manifestar sobre a cirurgia, tanto para esclarecer sobre o curto tempo do marido na fila, como também para agradecer as mensagens de apoio e a família do doador, que teria beneficiado ainda outros pacientes. No Brasil, a fila para transplantes de órgãos em geral é única. Nesse caso, não importa se a pessoa tem dinheiro ou não, se é famoso ou desconhecido. Ela vale tanto para pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) quanto privado e é organizada de acordo com a gravidade do caso.
Segundo informações do governo federal, no primeiro semestre deste ano, foram realizados 206 transplantes de coração no país. O total representa um aumento de 16% na comparação com a primeira metade de 2022. De 19 a 26 de agosto, foram 13, dos quais sete ocorreram no Estado de São Paulo. Mas ainda é muito pouco perto do número de pessoas que precisa.
Atrelada ao preconceito e a crendices, a falta de informação por parte da sociedade acaba impedindo o aumento no número de doadores, prolongando ainda mais a fila de pacientes à espera de um transplante ou até mesmo encurtando vidas e encerrando sonhos. Muitas famílias não se sentem seguras com as orientações que os profissionais de saúde passam no momento da abordagem e, levadas pela emoção e dor da perda, se recusam a autorizar o procedimento.
O ideal é que este assunto seja debatido em casa e que as pessoas manifestem em vida seu desejo de tornar-se um doador após a morte, facilitando a decisão da família. Quando a gente aceita a doar o órgão de quem a gente ama, estamos salvando ou melhorando a qualidade de vida de alguém. Um ato de extremo amor e humanidade, que pode fazer a diferença na vida de muitos.