Visando o aprimoramento da formação de acadêmicos de Medicina, o MPF (Ministério Público Federal) expediu uma recomendação à Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), de Presidente Prudente, para que a instituição faça a adesão à Apem (Avaliação Permanente do Ensino Médico) do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) até amanhã. Isso porque, de acordo com o órgão, os alunos da universidade têm apresentado índices baixos no exame do conselho. De 2012 a 2016, dos 1.050 egressos que fizeram a prova, 157 (15%) foram julgados habilitados. Nesse período, os percentuais de aprovação foram de, respectivamente, 9,60%, 9,20%, 18,40%, 21,60% e 14,70%, os quais colocam a unidade no penúltimo ou último lugar entre as instituições estaduais de ensino médico, cujas médias nos referidos anos foram de 46,6%, 44,5%, 46,6%, 49,1% e 45,7%.
O MPF ainda aponta que, em 2013, a graduação de Medicina da Unoeste recebeu conceito “um” – a menor classificação – no Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), promovido pelo MEC (Ministério da Educação), ao passo que, em 2016, o índice foi elevado para “dois”, “um conceito igualmente considerado baixo”. O que preocupa o órgão é o fato desses estudantes atuarem em unidades públicas de Saúde, todas financiadas pelo SUS (Sistema Único de Saúde), bem como no HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, submetendo os usuários a “riscos reais” de falhas. “É inadmissível que um graduando em Medicina com grave deficiência teórica seja admitido a desenvolver o ensino prático, tendo em vista que não se poderia tolerar que o aprendizado seja baseado em método de tentativa e erro, tratando-se de saúde e vidas humanas”, expõe.
“É inadmissível que um graduando em Medicina com grave deficiência teórica seja admitido a desenvolver o ensino prático”
Ministério Público Federal
Resultados alarmantes
O Cremesp informa que possui conhecimento das informações mencionadas e reconhece que, ao longo dos anos, “os resultados do exame têm sido alarmantes, com índice de reprovação sempre acima de 50%”. Isso quer dizer que, em todas as edições da prova, mais da metade dos novos profissionais entra no mercado sem ter conhecimentos básicos de situações cotidianas do atendimento médico. Com o propósito de melhorar a qualidade dos cursos, o conselho envia os resultados confidencialmente para o aluno e para a escola médica. Embora a aprovação não seja requisito para tirar o registro do CRM (Conselho Regional de Medicina), o atestado da participação na prova, aplicada ao final do sexto ano do curso, é utilizado como referência para a admissão de médicos e o ingresso destes em programa de residência médica.
A primeira edição da Apem deverá ser realizada em outubro, com estudantes dos terceiros e quintos anos de Medicina, e abordará conhecimentos em ciências básicas e na prática clínica. Segundo o Cremesp, o convite foi enviado a todas as escolas médicas do Estado para aderirem de maneira espontânea, sem qualquer custo, com exceção de infraestrutura e computadores para a realização das provas. O MPF acrescenta que, em agosto, a Unoeste informou que participaria desta avaliação periódica, no entanto, no dia 28, a Apec (Associação Prudentina de Educação e Cultura), mantenedora da universidade, protocolou documento alegando que não se submeteria à avaliação por já participar do TPU (Teste Progressivo Unificado), agendado para o dia 4 de outubro. Enquanto isso, o exame do Cremesp será nos dias 3 e 5 de outubro. O MPF desmistifica a possibilidade de colisão de datas e completa que o TPU não tem sido efetivo na melhoria da qualidade da universidade.