Meus pais sempre trabalharam fora de casa. Desde cedo, fomos orientados a organizar o quarto, a obedecer a minha tia, que cuidava de mim, das minhas duas irmãs mais novas e do nosso lar. Quando tinha perto de dez anos, ela precisou nos deixar para constituir sua família. Outras funcionárias até foram testadas, mas não duraram muito tempo. Então, chegou a hora de colocar a mão na massa. Foi aí que iniciei meus treinamentos na paternidade.
Com duas meninas, mesmo que minha mãe deixasse preparada nossa rotina, os cuidados, sobretudo com a caçula, era extremo. Nossa diferença de idade é de seis anos. Ela era do tipo que pulava o muro para jogar bola na rua, escalava grades e me exigiu atenção especial. Para complicar, a cada choro, perdia o fôlego, e só o retomava após uns chacoalhões. Foi assim que aprendi! Enquanto as meninas brincavam de bonecas, eu de vida real. Menstruação, TPM e outros papos de mulheres não viraram tabu para mim, que as acompanhei desde a infância.
Naquela rotina, crescemos nos auxiliando, aprendendo os trabalhos domésticos e recebendo o direcionamento para a vida adulta. Hoje, pergunto quantas crianças teriam a oportunidade de vivenciar esta experiência? Poucas, ou aquelas com vida mais humilde, cujos pais precisam trabalhar fora e a única opção é o irmão mais velho para cuidar dos demais... Foi assim conosco. E com você?
Posso assegurar que este carinho que tivemos de um irmão com o outro reflete em nosso dia-a-dia, convivência e união familiar. Exercitamos desde sempre o respeito, a compreensão das diferenças, limitações e o partilhar de sentimentos e bens materiais.
Cheguei à paternidade de fato com o exercício de casa feito. Ou, pelo menos, alguns treinos. Portanto, considero relevante ofertar às nossas crianças a mesma oportunidade de praticarem o cuidado com o próximo, a divisão de tarefas domésticas e, o dia a dia, é o maior aliado neste treinamento. Não espere aparecer um curso de capacitação, com um especialista máster no assunto. Faça você mesmo!
A minha experiência garantiu “jeito” com meus meninos. Não pareceu bicho-de-sete-cabeças quando eles chegaram à minha vida. Ao mesmo tempo, a abertura e o apoio da mãe para que eu colocasse em prática todos os meus anseios de pai foi indispensável neste processo. Confesso que não deve ter sido fácil até mesmo para minha esposa, pois muitas vezes que eu me dispunha a trocar uma fralda, em ambiente familiar ou público, por exemplo, alguns olhares apontavam para o questionamento: “Mas ele vai fazer isso?”, “Por qual razão, não você?”.
“Na minha época, homem não colocava a mão em bebê”, “Seu marido é um paizão”, “Ele sabe o que fazer se o bebê chorar?”, “Homem cuidando de criança nunca deu certo”... Estas foram algumas das muitas frases que ouvimos a cada vez que eu exercitava meu simples e nada mais do que obrigatório papel de pai. Ah, ela dedica muito mais tempo que eu a eles, por que não dividirmos as funções e evitarmos sobrecarga? Criar e educar filhos também é parceria.
Compreender os aspectos culturais e, até mesmo, machistas e feministas, que envolvem esta questão, foi indispensável para otimizar e interpretar o elevado fluxo de informação, críticas e questionamentos que nos alcançaram.
Ao pai de primeira viagem, o fato de não saber o que fazer e como lidar com um bebê não pode ser motivo para se negar à divisão de afazeres com a mãe. Mesmo que ele não tenha experimentado de outras experiências, como as minhas, por exemplo, no passado, ninguém nasce sabendo e só não aprende quem não quer!
Na prática tudo se ajeita. É sujando o dedo na troca de fralda, colocando a roupa do avesso ou o calçado errado, fazendo a papinha sem sabor, segurando o bebê de forma desengonçada, como uma estátua, é lidando com a vida real, solucionando problemas na medida em que surgem, ter humildade para pedir socorro quando necessário... até conquistar autoconfiança, transmitir confiança àqueles de convivência e, consequentemente, conduzir com leveza esta arte tão natural da qual temos a chance e obrigação de participar plenamente. Até acertar pode ser necessário errar.
Vivemos a era da transformação social, de fomento à paternidade presente, ativa e responsável. Talvez, em pouco tempo, nem precisemos mais usar estas classificações... elas segmentam a sociedade, proposta contrária às nossas pretensões... Então, não hesite, seja PAI.
No blog Papai Educa
O exemplo dos pais
O verdadeiro aprendizado começa dentro de casa. Quando os pais estimulam as crianças desde cedo e acompanham a vida escolar, os filhos desenvolvem o raciocínio com mais facilidade, aprendem de maneira natural, conseguem obter notas mais altas e adquirem o prazer do conhecimento ao longo de toda vida. A interação adequada entre pais e filhos proporciona segurança e amplia os vínculos afetivos, o que repercute na melhor formação do indivíduo. Leia no blog o que pensa Cleia Farinhas, gerente pedagógica do Sistema Positivo de Ensino.
Fidget Spinners
Todos nós costumamos ficar impacientes ou ansiosos. Esta inquietação, muitas vezes, se traduz em ações ou comportamentos repetitivos. Alguns roem unhas, outros balançam os pés, mexem nos cabelos ou giram uma caneta entre os dedos. Este é o motivo que levou os Fidget Spinners a se transformarem no brinquedo da moda, nos Estados Unidos e agora no Brasil. Crianças e adultos estão fascinados por esta estranha mania de um brinquedo que só gira. Segundo a fonoaudióloga Raquel Luzardo, o brinquedo traz benefícios ao usuário. Entre eles, melhora a concentração e a coordenação motora fina.
Leandro Nigre é pai, jornalista, especialista em Mídias Digitais, editor-chefe do jornal O Imparcial, e idealizador do projeto Papai Educa www.papaieduca.com.br. Contato: [email protected]