Mil ossos de aves extintas são encontrados em Prudente

Pesquisador diz que sítio paleontólogo é único com características encontradas em todo continente americano; fragmento de fóssil de titanossauro foi encontrado na região em setembro

PRUDENTE - GABRIEL BUOSI

Data 04/11/2017
Horário 11:45

A área que engloba o Residencial Parque dos Girassóis, na zona sul de Presidente Prudente, é considerada o único local no continente americano com uma “quantidade expressiva” de ossos preservados desde a era dos dinossauros. Balanço de escavação que ocorreu em maio deste ano, na localidade, resultou na retirada de cerca de mil fósseis de um grupo extinto de aves, a espécie Enantiornithes. Na época, um grupo de seis pesquisadores iniciou os trabalhos de escavação, em busca de pequenos e raros fósseis das aves.

De acordo com o pesquisador e coordenador do Museu de Paleontologia de Marília (SP), William Nava, que atua há 13 anos na região de Presidente Prudente, o trabalho realizado no início do ano resultou na retirada de cerca de mil ossos das aves extintas, que pertencem ao período Cretáceo Superior. “A maioria do material coletado estava desarticulado. O local foi provavelmente um depósito de ossos, resultado de um canal de água, que transportava a matéria orgânica ao fundo”.

O pesquisador comenta que passou pelo local em 2004 e percebeu rochas com alguns ossos, local de possível escavação, e, ao longo do tempo, trabalhou para que pudesse retirar e trabalhar em cima do sítio arqueológico. “Foi quando, em 2015, fiz a parceria com o museu dos Estados Unidos para escavar a área. Concluímos que houve uma grande mortalidade em conjunto das aves, sem motivo até o momento, que resultou na grande quantidade de material fossilizado”, expõe.

Por este motivo, na época da escavação, o paleontólogo solicitou junto à Prefeitura a preservação do local, para que outras escavações possam ser feitas futuramente. “É um lugar importante para todos os pesquisadores e ainda mais para a ciência brasileira. Espero que seja muito bem preservado”, expõe.

Como já noticiado por este diário, William trabalhou na presença de outros paleontólogos, sendo quatro vinculados ao Dinosaur Institute, do Museu de História Natural de Los Angeles (EUA), além do professor Luis Chiappe e os pesquisadores José Soler, Pedro Mocho e Ryan Tucker - que também atuam na Stelenbosch University da África do Sul. Esteve presente ainda Agustin Martinelli, argentino que atua na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

 

“É um lugar importante para todos os pesquisadores e ainda mais para a ciência brasileira. Espero que seja muito bem preservado”

William Nava,

paleontólogo

 

Titanossauro

O fragmento do osso de um titanossauro foi encontrado na região de Presidente Prudente, em setembro, pelo pesquisador William Nava. Conforme o paleontólogo, trata-se do fóssil de um úmero, da perna dianteira do animal que vivia na América do Sul há aproximadamente 70 milhões de anos, que, após dois dias de escavações, conseguiu ser retirado.

Segundo William, o osso foi localizado na rocha em um barranco na Rodovia Raposo Tavares (SP-270), entre as cidades de Álvares Machado e Presidente Bernardes. “Observei a área em janeiro, pois todo o trabalho surge a partir da análise visual. Como era um local muito alto, vi que não teria condições no momento e por isso providenciei uma escada articulada. Foi somente nos dias 22 e 23 de setembro que pude voltar e realizar a retirada”.

O paleontólogo acrescenta que o osso passa por uma reconstrução e será exposto no Museu de Paleontologia de Marília, provavelmente no início do ano. “Pelo grau de preservação, possivelmente o fóssil estava inteiro, mas acabou parcialmente destruído por causa das obras realizadas há pouco tempo no local. Algumas rachaduras aconteceram na retira e, por isso, a reconstrução”, explica.

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